10 de maio de 2022

Após seguidas altas, boi gordo fecha abril em queda

A última vez que relatamos queda em um indicador mensal foi em out/2021. Naquele momento, o mercado apresentou grande instabilidade após a confirmação de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina ou Doença da Vaca Louca. No período, a demanda por carne perdeu força devido a suspensão imediata dos abates para exportação chinesa, gerando um aumento na oferta e, consequentemente, desvalorização do boi gordo. Pois bem, após cinco meses seguidos em alta o indicador novamente apresentou inversão nos preços, fechando abril em um valor médio de R$ 335,06/@, desvalorização de 2,8%MoM. Comparado ao que ocorreu em out/21, a principal causa da queda não foi por conta da redução na demanda, mas sim no aumento da oferta.

Podemos dizer que a desvalorização do animal neste período não é nenhuma novidade ao pecuarista. O mês de abril sazonalmente é marcado pela redução nos índices de chuvas e queda nos termômetros, afetando diretamente a qualidade das forragens nas fazendas. Dessa maneira, a redução na curva de produção dos animais resulta em um aumento nas ofertas de animais aos frigoríficos que, em situação de conforto nas escalas, pressionam por preços mais baixos. Outro ponto que podemos destacar no mês de abril é o fechamento do planejamento do primeiro giro do confinamento. Seguindo ainda no preço do boi gordo, os contratos fechados até o momento pregão 05/05/2022 apontam que o animal deve se valorizar nos próximos meses, maio, junho e julho, porém se mantendo abaixo do patamar de 330 reais por @.

Passando para o lado da caneta vermelha, para alívio dos pecuaristas, o milho apresentou forte desvalorização no mês de abril, 11%MoM. Dessa maneira o produtor se viu em um maior poder de compra. Vale ressaltar que desde outubro de 2020 o indicador não apresentava números acima da média histórica. Dentro dessa mesma linha de raciocínio, os dados divulgados pelo Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal da USP (Edição 59, Abril/2022) demonstraram, também, redução no custo das diárias para confinamentos grandes e médios no estado de São Paulo e em Goiás.

Dessa maneira, não dialogando sobre a margem da produção, mas de necessidade de capital de giro, o forte recuo nos custos pode significar um certo alívio na necessidade de caixa para o giro da operação. Por outro lado, é necessário muita cautela e principalmente planejamento de compras/vendas para a saúde financeira da operação. Visando resultados positivos no final, é necessário atenção redobrada na produção como um todo buscando desperdícios mínimos de alimentos e manejos/tecnologias de bem-estar animal para o menor impacto possível nos índices zootécnicos. Além disso, o pecuarista precisa sempre apurar todo investimento possível em tecnologias de manejo, nutrição e genética para maximizar ainda mais sua produção e lucratividade.

Gabriel Zylberlicht é Inteligência de Mercado Nutricorp.

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