A criação de abelhas favorece a polinização dos cultivos dependentes e beneficiados por esse processo, sendo de extrema importância para a produção de alimentos. Além disso, a apicultura também gera renda para o apicultor, sendo hoje considerada uma atividade pecuária lucrativa que pode ser realizada tanto por grandes criadores, quanto por pequenos produtores ligados à agricultura familiar. Nesse cenário, muito tem se falado sobre a importância das abelhas para as culturas agrícolas, mas pouco se aborda o benefício inverso: a relevância das áreas de cultivo para a apicultura.
Atualmente, a maior concentração de apicultores está próxima de plantações e não em áreas como a floresta Amazônica. Você já parou para pensar por que isso ocorre? Para iniciar a nossa resposta, basta dizer que a florada silvestre é muito valorizada pelos apicultores, mas eles também estão sempre de olho em áreas com culturas como citrus, canola, nabo forrageiro e eucalipto, por exemplo.
Os motivos para o interesse e a proximidade da criação de abelhas com as culturas agrícolas começam pelo fato de que, para o apicultor atingir seu objetivo de produção de mel e demais produtos, é necessária uma grande disponibilidade de flores em um período de clima favorável ao trabalho das abelhas, além da diversidade de plantas que floresçam em diferentes épocas, garantindo fonte de alimento o ano todo para as abelhas. Como na agricultura tudo é bem planejado, a época de plantio busca favorecer o ciclo produtivo, o que significa que uma fase importante como a da floração irá coincidir – na maioria dos casos – com um momento de clima favorável à produção, sendo igualmente positivo às abelhas.
A partir dessa relação, as plantas que dependem ou são beneficiadas pelas abelhas, oferecem recursos como recompensa para os polinizadores. Com isso, surge uma boa disponibilidade de néctar, que resulta do crescimento das colônias e produção de mel. Com isso, o objetivo é, então, alcançado, gerando lucro na colheita de mel e colônias fortes para a próxima florada.
Quando a cultura não oferta recursos suficientes para a produção de mel ou o crescimento das colônias, é comum que as abelhas sejam levadas para outro pasto apícola, com maior oferta de alimentos durante aquele período. Dessa forma, para complementar sua renda, o criador de abelhas pode usufruir dos serviços de polinização por meio do aluguel de colmeias, com a função de maximizar o potencial produtivo dos cultivos.
As áreas agrícolas, por serem habitadas, conferem uma maior segurança contra furtos de colmeias, se comparadas a áreas de matas com pouco fluxo de pessoas. Porém, caso não haja comunicação entre os agricultores e apicultores, existe o risco de operações agrícolas para o combate de pragas atingirem organismos não-alvo como as abelhas. Vale lembrar que a coexistência é possível, pois se não fosse, estas atividades não estariam tão próximas ao longo de tantos anos. A pergunta que fica é: o que faz os apicultores profissionais conseguirem se manter próximos de culturas agrícolas?
A seguir, listamos as principais práticas ou manejos apícolas que são a chave do sucesso no entorno de áreas agrícolas.
As áreas agrícolas proporcionam uma grande densidade de flores e podem ser muito valiosas para apicultores que manejam bem suas colônias. A profissionalização não está relacionada ao porte da atividade: um apicultor pode ser profissional possuindo apenas cinco colmeias e obter lucro dessa atividade. Uma postura profissional é a nova cara do agronegócio brasileiro – e um ator importante nesse cenário é o pecuarista de abelhas.
Heber Luiz Pereira é apicultor, doutor em zootecnia, consultor da HP Agroconsultoria e do Colmeia Viva, programa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
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