O Ano em que precisamos fazer diferente

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2021

Em 2021, teremos que fazer mais, vender mais, mas gastando menos

 Pode parecer simplista, mas a necessidade de fazermos coisas diferentes sempre fez parte dos planos e das resoluções de Ano Novo. Acabamos de entrar em 2021, vindos de um 2020 para lá de conturbado. Tivemos a maior pandemia da história recente, mudanças incríveis (para melhor e para pior) no ambiente de negócios, modelos de negócios, comportamentos, aceleração da transformação digital e uma sensação de futuro ambígua, tanto para os mais experientes quanto para as gerações mais novas. Também tivemos um ano de extrema polarização política e ideológica, tanto no Brasil como no mundo. Assistimos a uma acirrada eleição nos EUA, com sinalização de algum retorno de bom senso. E, no Brasil, com todos os desafios, nem a esquerda nem a direita reinaram. Foi o centro que se estabeleceu nas eleições municipais, indicando um eleitor possivelmente cansado do ‘nós x eles’, bem como esperando mais dos nossos políticos. Infelizmente, as prometidas reformas estruturantes e o impulso macroeconômico não saíram do papel e poderão nos custar caro no biênio 2021-2022, com olhos para a próxima eleição.

No Agro, especialmente para o Brasil e os países exportadores, o negócio foi, em geral, positivo. Câmbio favorável, retomada de exportações, preços atrativos e margem no campo. No entanto, como destaco no título, será um ano provavelmente oportuno, mas muito desafiador. Teremos que, de fato, fazer algo diferente e que vá muito além das palavras e promessas. E eu estou dizendo ‘no mundo dos negócios’. Para reforçar suas ações e estratégias em 2021, imagino que, ao menos, cinco temas devem ser considerados pelas empresas de insumos agrícolas, pecuários, empresas de distribuição e pelo próprio agricultor.

EFICIÊNCIA OPERACIONAL. Apesar do bom momento de preços e margens agrícolas, os elos industriais e de distribuição de insumos vivem apertos de margens. A longevidade e viabilidade dos negócios não virão da sonhada melhoria ou dos aumentos de preços, mas sim dos ganhos de escala e eficiência comercial e operacional. Teremos que fazer mais, vender mais, mas gastando menos. Efetividade comercial, logística, modelos financeiros e estruturas mais enxutas são exemplos de alavancas para se buscar essas eficiências.

DIGITALIZAÇÃO. A pandemia, infelizmente, teve grandes impactos sociais e econômicos, mas nos mostrou que é possível fazer coisas, interagir com clientes, realizar eventos, feiras, convenções, palestras, dias de campo e reuniões, dentre uma infinidade de atividades que passaram a ser digitais. Ademais, a adoção de tecnologias e serviços no campo está crescendo. Possivelmente, teremos um “retorno” a coisas tradicionais, mas muito do que se digitalizou veio para ficar e não deve voltar totalmente. Empresas, agricultores e profissionais das mais diversas áreas terão que reaprender a desenvolver novas formas de comunicação, interação e modelos de negócios com a aceleração digital promovida pela pandemia.

AGENDA AMBIENTAL. O “quase caos” de detrimento de imagem vivido pelo Agro em 2020, decorrente das queimadas, dos grupos de interesse e de uma clara falta de coordenação entre as cadeias produtivas, empresas e governo, potencializaram esse tema. Assim, para mantermos nossa competitividade, temas ambientais, rastreabilidade, sanidade, transparência e melhor comunicação com os mercados serão fundamentais, ou também poderemos pagar caro pela omissão em inserir esses temas nas estratégias empresariais e nas políticas públicas.

FOCO NO CLIENTE. Quase todas as empresas declaram ter foco no cliente. A realidade estratégica e operacional é um pouco diferente. Gasta-se muito tempo e dinheiro em temas internos, desalinhamentos, processos e uma infinidade de burocracias (umas incontroláveis mesmo, outras criadas pelas próprias estruturas corporativas). Assim, com as mudanças comportamentais que estamos vivendo, a questão do digital, sucessão no campo, entre outras, precisam colocar o cliente no “meio” da estratégia. Isso promoverá avanços, melhorias e, possivelmente, novos negócios.

PESSOAS E CAPACITAÇÃO. Para aproveitar as oportunidades e ‘fazer diferente’, precisaremos de gente. E gente preparada, capacitada e motivada. Infelizmente, a ‘matéria-prima’ está escassa e, por isso, desenvolver e formar pessoas também é um tema estratégico para o País (em termos de sistema educacional, políticas públicas e investimentos) e para as empresas, que não podem esperar a próxima geração.

Assim, espero que os leitores da Revista AgroRevenda, sejam profissionais, empresários, agricultores, parceiros etc., possam de fato trabalhar para que seus negócios definitivamente avancem com coisas diferentes. E que possamos ter um setor mais próspero, com mercados e empresas fortalecidas, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento do Brasil.

Feliz 2021, bom trabalho e muito sucesso a todos!


Matheus Alberto Cônsoli é especialista em Estratégias de Negócios, Gestão de Cadeias de Suprimentos, Distribuição e Marketing, Vendas e Avaliação de Investimentos. Doutor, Mestre em Administração, Administrador de Empresas, Professor de MBA’s. E-mail: consoli@markestrat.com.br

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