25 de março de 2021

Aumento da SELIC pode frustrar a recuperação da economia, já retraída

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) subiu na quarta-feira passada a meta para os juros básicos (Selic) em 0,75 ponto, para 2,75% ao ano. O aumento da taxa de juros ocorre em meio ao avanço da inflação, que está pressionada, sobretudo, pelo aumento dos preços dos combustíveis e pela alta do dólar. Os juros altos desestimulam o consumo e o investimento produtivo. Na tentativa de conter a inflação e a alta do dólar, uma das ferramentas que poder ajudar é justamente a alta da taxa Selic, o que torna o investimento produtivo menos viável e que desestimula o consumo, já que força o aumento das taxas de juros no sistema bancário. Nesse raciocínio, o aumento da Selic – que aumentaria o custo de se tomar empréstimos no país – poderia ser um instrumento para deteriorar ainda mais a economia, desestimulando investimentos e o consumo, já que se veem riscos de uma disparada nos preços nos próximos meses.

Um aumento nos juros, em tese, desestimularia os investimentos por tornar o crédito mais caro, o que pode aumentar, inclusive, o desemprego no País. Precisamos que o PIB continue crescendo e que a economia seja aquecida, para suavizar os efeitos da atual pandemia de Covid-19. Existe uma tendência de alta para a SELIC. No dia 17/03/2021, foi anunciado um aumento de 75bps (0,75%). O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 5,2% nos últimos 12 meses (considerando o mês de fevereiro de 2021) e está muito próximo da meta definida pelo governo (teto) de 5,25%. Esse aumento parecia momentâneo, mas é possível que tenhamos uma inflação de 4,6% ao final deste ano. O aumento recente indica que, na próxima reunião do COPOM, marcada para os dias 04 e 05 de maio, tenhamos um novo aumento, possivelmente no mesmo percentual de 0,75%.

Os juros altos são uma arma usada por governos para combater a inflação, mas há efeitos colaterais: eles atrapalham o crescimento do país. A Selic é utilizada pelos bancos apenas como uma referência. A partir dela, as instituições financeiras definem quanto vão cobrar por empréstimos às pessoas e às empresas. Os bancos e financeiras podem cobrar quanto quiserem, de acordo com o mercado. E os juros pagos pelos consumidores são muito mais altos. Quando os juros do país estão altos, o consumidor tende a comprar menos, porque a prestação de seu financiamento vai ser mais alta. Uma geladeira ou um carro ficam mais caros. Ele desiste de comprar e isso, em tese, faz o preço cair, derrubando também a inflação.
Em um cenário de juros altos, as empresas investem menos, porque custa tomar empréstimos para produção. Isso aumenta o desemprego e piora o consumo. As empresas vendem menos, e então um ciclo negativo se instala (quanto menos vende, menos emprego gera). Essa situação deixa a economia com menos força, o que afeta o PIB (Produto Interno Bruto). Uma economia aquecida em geral é boa para todos: há mais vendas para os empresários e mais empregos e consumo para os trabalhadores. No entanto, se há muita procura de produtos, eles podem ficar escassos e passam a custar mais caro, causando inflação. Uma taxa alta também prejudica a maioria da população, que paga crediários maiores, e os empresários, que encontram dificuldades para vender sua produção e expandir negócios, pois fica caro comprar máquinas, por exemplo.

A elevação da Selic, usada como referência para a rentabilidade na renda fixa com o CDI, é, por ora, pequena. Mas a expectativa de que virão mais aumentos nos próximos meses fará aumentar a procura e a rentabilidade por esses títulos de dívida pública, como o Tesouro Direto, que são mais seguros. Cenário semelhante deve ocorrer com rendimentos categorizados, como pós-fixados, que acompanham as taxas de juros.

Ahmed Sameer El Khatib é professor de Contabilidade, Finanças e Auditoria da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado.
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