Estima-se que a cultura da cana-de-açúcar chegou ao Brasil por volta de 1.500, trazida pelos portugueses. Desde que foi instalada no Brasil, sua produção era destinada ao açúcar, e por volta dos anos 90, houve uma grande aceleração para a produção de etanol por influência do Plano Nacional do Álcool, ProÁlcool. Entretanto, esses dois produtos são considerados commodities e seus preços são determinados pelos mercados internacionais, através das bolsas de valores de Chicago e Nova Iorque. Devido a isso, a cultura de cana-de-açúcar é considerada uma modalidade viável apenas em larga escala.
Para fugir dessa característica, alguns produtores de cana-de-açúcar estão investindo em um nicho de mercado muito específico dessa cultura, onde deixam de produzir cana para fornecimento à indústria (fornecedor) e se tornam produtores de cana – semente, ou seja, mudas (viveiristas). Agronomicamente, mudas de cana de boa qualidade e alto vigor vegetativo devem possuir idade fisiológica entre 8 a 10 meses, como o início do plantio na região centro-sul se dá no mês de março, é necessário que o viveirista plante o canavial destinado à produção de mudas entre os meses de junho a agosto.
Apenas lembrando que nesse período, o plantio de cana-de-açúcar não é recomendado devido ao clima seco e com alto déficit hídrico que impera na região centro-sul. Devido ao clima, muito produtores ou melhor dizendo, viveiristas vem adotando o uso da irrigação localizada por gotejamento como alternativa para produção de mudas de alta qualidade. Uma vez que, esse sistema de irrigação proporciona a quantidade correta de água para as plantas, possibilitando realizar um manejo nutricional que aumente o vigor da cultura e explorando seu potencial de multiplicação.
Para exemplificar, podemos citar um case de um produtor da região de AguaÍ, no estado de São Paulo, que adotou o uso da tecnologia de irrigação por gotejamento em uma de suas áreas. Ele proporcionou 20 hectares de cana-de-açúcar para produção de mudas e fez o seguinte comparativo:
Área (ha) | Idade de corte (meses) | Idade de corte (meses) | Produtividade (ton/ha) | Valor (R$/ton) | Valor total recebido (R$) |
20 | 9 | 9 | 96 + 98 | 111,93 + 111,93 | 434.288,40 |
20 | 18 | 197 | 74,62 | 294.002,80 |
Como podemos observar na tabela acima, o produtor que destinar a sua área apenas para produção de cana-de-açúcar para a indústria receberá em 20/ha aproximadamente R$ 294.000,00, segundo valores do Consecana para agosto de 2020, no entanto, o produtor que vender sua produção como muda, receberá nos mesmos 20/ha um valor aproximado de R$ 434.000,00; ou seja, 48% a mais. Quando se trata de produção de mudas é possível que o viveirista faça dois cortes em um ciclo de 18 meses (9 meses + 9 meses). O mesmo ciclo produtivo de uma cana de ano e meio destinada à indústria. Com a avaliação dos dados podemos concluir que a irrigação localizada por gotejamento proporciona ao produtor de cana-de-açúcar explorar um novo nicho de mercado e aumentar a sua renda em até 48%.
Daniel Pedroso é Especialista Agronômico Netafim.
Netafim
Fundada há mais de 50 anos, a Netafim é pioneira e líder mundial em soluções para irrigação. Com cerca de 30 subsidiárias em todo o mundo, a Companhia oferece as melhores soluções aos agricultores de mais de 110 países por meio 15 unidades produtivas, milhares de distribuidores e mais de 4.000 funcionários. O portfólio completo de produtos e soluções inovadoras de irrigação inteligente e digital farming, visa contribuir com a produtividade da água na agricultura, oferecer a melhor experiência ao produtor e alavancar o mercado de irrigação no país.
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