11 de abril de 2020

Riscos do coronavírus para as sementes forrageiras

A disseminação do novo coronavírus no Brasil e no mundo tem gerado incertezas e preocupações em todos os setores da economia nas últimas semanas. Neste cenário, o agronegócio também entra em alerta a um eventual agravamento da crise econômica. De imediato, o impacto da Covid-19 parece ser mínimo ao agro brasileiro. Todavia, quando começar a afetar o consumidor, seja pelo desemprego ou pela queda de sua renda, o cenário será de depressão econômica, baixando o consumo, podendo afetar a cadeia de valor e a agroindústria, e vindo, então, em um efeito de trás para frente; ou seja, do consumidor para o agricultor.

Nesse momento, alguns setores do agronegócio poderão sofrer mais. O impacto desta crise talvez seja percebido no estabelecimento da próxima safra e nas novas negociações de commodities agropecuárias em alguns meses. O efeito da crise na oferta de sementes forrageiras também deve ser pequeno no Brasil, especialmente em curto prazo ou na próxima safra, porque os campos de produção de sementes já estão plantados e registrados.

Já a demanda destas sementes, essa pode variar em médio prazo, com o produtor rural buscando redução de despesas. Prefiro pensar que o agricultor profissional deverá manter sua linha de adoção de tecnologia, pelo maior uso de forrageiras, seja como cultivo de cobertura ou na Integração Lavoura-Pecuária (ILP).

Então, o único jeito de reduzir o impacto da crise no agronegócio está em assegurar a logística funcionando. Ou seja, insumos devem estar disponíveis e acessíveis para o produtor. Bem como sua produção deve ser escoada de forma normal. Agora é hora de mapear riscos e assegurar que possíveis problemas que possam afetar a cadeia logística de insumos e da produção rural não atrapalhem a dinâmica já estabelecida da porteira para dentro.

Em um país de agricultura tropical como o nosso, deixar de usar forrageiras, seja para renovação de pasto ou como cultivo de cobertura, poderá gerar impacto futuro, com menor oferta de forragem e matéria orgânica, respectivamente, e consequente menor produtividade, exatamente no momento em que a economia mundial estiver em recuperação; fato que certamente ocorrerá. Isso pode significar deixar dinheiro na mesa.

Álvaro Peixoto é diretor geral da Barenbrug do Brasil.

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