26 de abril de 2019

Workshop & Bate Papo APCS – CSP: carne suína brasileira se recupera e China muda mercado mundial

Especialistas se reúnem em Campinas, desenham o novo consumidor do século 21, esperam retomada nos preços e o aumento nas exportações da carne suína brasileira, além de prever mudanças fortes no comércio mundial por causa dos casos de Peste Suína Africana na China.

As tecnologias produtivas, as exigências do consumidor do século 21 e a revolução no mercado mundial provocada pela ocorrência da Peste Suína Africana (PSA) na China, o maior produtor e consumidor da proteína no planeta. Os três temas dominaram os debates da terceira edição do Workshop & Bate Papo promovido pela Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS) e o Consórcio Suíno Paulista (CSP) em Campinas (SP), nesta sexta-feira. O evento teve a presença de uma centena de gerentes, encarregados e proprietários de granjas filiadas à associação e ao consórcio.

O tema principal desta edição, comandada pelo Presidente da APCS, Valdomiro Ferreira Junior, foi “O mercado da Cadeia Produtiva da Carne Suína”, analisado em quatro palestras de profissionais renomados da cadeia produtiva de proteína animal. “Estamos produzindo com mais qualidade a cada dia. Há uma melhoria contínua nos ambientes das granjas, investimos em tecnologia, processos modernos como a gestação coletiva. Quem imaginava vinte anos atrás que iríamos ter 36 leitões desmamados ao ano e conversão alimentar abaixo de dois? Mas o consumidor do século 21 é muito exigente. Não podemos produzir mais sem pensar em temas como sustentabilidade, impactos ambientais, bem estar animal e qualidade. E os produtores rurais investem para garantir esses parâmetros”, argumentou o Médico Veterinário Sebastião Borges, especialista em nutrição de monogástricos e Diretor Técnico da Tectron Nutrição Animal, que falou sobre as “Adequações e melhoria da eficiência dos suínos para atender o mercado do século XXI”.

E ficar de olho para todo o mundo fora da porteira também é tarefa primordial do produtor brasileiro de carnes. Este foi o recado dado pelo Supervidor de Suprimentos da De Heus, Matheus Prudente Cançado, que falou principalmente sobre o milho, na apresentação “Modelos de negociação para mitigação de riscos oriundos da volatilidade do mercado de commodities no Brasil”. Ele destacou a necessidade da gestão no cotidiano do suinocultor. “Conhecer o negócio, o próprio perfil, ir atrás de informações, acompanhar o mercado, para tomar as melhores decisões, em caso de insumos básicos como o milho, por exemplo, é fundamental. Reflita sobre diversos cenários, diversifique, use opções, economize”, aconselhou.

Outra lição de casa da cadeia produtiva foi apontada pelo Zootecnista e Gerente de Genética Global da Topigs Norswin, Marcos Lopes. Ele reforçou que o consumo de carne suína ainda é pequeno no Brasil, faltam ações de marketing que atinjam um número maior de setores e consumidores sem falar que a cadeia precisa ficar atenta às ações de grupos e movimentos que pregam contra as proteínas de origem animal. “Nossos esforços não têm sido totalmente suficientes no campo do marketing. Ainda estamos restritos aos agentes da própria cadeia produtiva. Mesmo quando tratamos do ótimo trabalho da associação nacional, a ABCS, com a ‘Escolha mais Carne Suína’. Temos que atingir resultados de sucesso de iniciativas como a Carne Angus, nos Estados Unidos, que conseguiu dar visibilidade a uma raça. Da Marca Friboi, aqui no Brasil. E das campanhas diretas no varejo, como os festivais de carne organizados pela Alegra, que reúne até 17 restaurantes no Paraná. E casas de carnes como a Porks, em Curitiba, que serve pratos à base de carne suína sempre por um único preço, e a Casa do Porco, em São Paulo, que vive lotada”, apontou Marcos Lopes.

A manhã de palestras terminou com o Agrônomo, Coordenador do Rally da Pecuária e Diretor da Athenagro Consultoria, Maurício Palma Nogueira, que mostrou um retrato da Suinocultura do Brasil em 2019 e traçou as perspectivas de mercado interno e externo da carne suína. “O problema da PSA na China vai impactar o mundo, todas as carnes, soja, milho, leite, etc. Isto está claro. Mas ainda não sabemos a dimensão que vai atingir. Os chineses podem perder de oito a 30 milhões de toneladas produzidas. Vai depender do tipo de criador que está sacrificando animais infectados. Se forem os pequenos, que usam a suinocultura de subsistência, pode até ficar abaixo de oito milhões. O importante é que o Brasil e o produtor entendam que está na hora de investir, com prudência logicamente”, examinou Maurício Palma.

A carne suína é a proteína mais consumida no planeta, com 120 milhões de toneladas por ano, a frente de aves (a que mais cresce) e bovinos (a mais valorizada).  No entanto, o comércio é o menor das três segmentos. É um setor muito específico, onde o papel chinês é absoluto, com o gigante oriental produzindo 45% do total mundial. “A suinocultura brasileira está recuperando-se de perdas fortes. E a perspectiva é realmente promissora para 2019, depois de quatorze meses no vermelho. Sem falar que o cenário para 2020 é demanda em alta para produção e exportação. O brasileiro tem tecnologia para fazer produtos de ótima qualidade e é o único país em condições para ofertar um volume grandioso de proteína se a crise chinesa for grande. Porém, precisamos planejar estrategicamente o posicionamento no mercado internacional. Que carne fica aqui dentro? Qual vai ser exportada? Para onde? Hoje mesmo, não temos volume para atender por causa das perdas passadas”, ponderou o Diretor da Athenagro.

Maurício Palma Nogueira também fez questão de concordar com as visões dos outros três apresentadores e reforçou outros desafios para o Suíno Brasil. “Temos que falar com o consumidor, entender a nova sociedade, investir para nossa população comprar mais carne suína até porque este é o desafio maior no longo prazo: estimular o consumo interno da proteína”, completou.

No encerramento das atividades no período, o presidente da APCS fez questão de agradecer a todos e elogiar o nível das informações debatidas durante as quatro palestras. “Os palestrantes foram nota 10. Este foi um dos melhores eventos que já tivemos em termos de troca de conhecimentos. E a parceria das empresas nesse sentido tem sido fundamental. Temos uma imensa responsabilidade neste momento. Precisamos de cautela para aproveitar um bom momento de mercado, mas não podemos nos esquecer da questão da sanidade. Principalmente do trânsito, que pode levar às granjas um elemento nocivo ao nosso plantel. Prevenção é vital. Para todas as proteínas, seja suína, de aves, de bovinos, peixes, etc.”, afirmou Valdomiro Ferreira  Junior.

Na parte da tarde, os dirigentes da Associação e os gerentes das granjas se fecharam para discutir os temas apresentados, preparar os novos cursos e eventos, além de definir os novos parâmetros de preços de mercado para a carne suína no Estado de São Paulo.

A APCS e o CSP informaram que ainda promovem outras duas atividades na primeira metade de maio. O “NutriQuest TechnoFeed”, no dia seis, a partir das três da tarde, com reunião da Bolsa deSuínos. E a palestra “Melhora de desempenho e produtividade”, com o Médico Veterinário Marcio Dahmer, a partir das duas da tarde do dia 13.. Ambas no Hotel Premium, na Rua Novotel, 931, Jardim Nova Aparecida, em Campinas (SP).

E a quarta edição do Workshop & Bate Papo APCS – CSP já tem data marcada. Vai ser no dia 24 de maio, no Hotel Premium, em Campinas (SP), a partir das oito horas da manhã. O tema vai ser “A sanidade suína e seus reflexos na cadeia produtiva”, com apresentação de quatro palestras. Raquel Tatiane Pereira (“Quais as atuais tecnologias no mundo para cuidar da sanidade animal”), Maria Nazaré Lisboa (“O uso de antibióticos: custo e benefício na suinocultura), Alessandro Crivellaro (“Cuidados no dia a dia de uma granja para ter um rebanho saudável”) e Maurício Padredi Martani (“As doenças que podem chegar ao Brasil e seus impactos”). As inscrições podem ser feitas no site da APCS: www.apcs.com.br

A primeira edição do Workshop & Bate Papo da APCS e do Consórcio foi realizada em fevereiro e tratou do tema “A Suinocultura e o Meio Ambiente”. No segundo encontro, em março, o assunto foi “Fábrica de ração em uma granja de suínos”.

Fonte: Grupo Publique

 

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