O presidente Jair Bolsonaro fez na última semana a sua estreia no palco internacional no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Foi mais do que breve, foi brevíssimo em seu discurso. Mas dentro dessa brevidade, salientou a importância da nossa agropecuária, do convívio harmonioso com o meio ambiente e a sustentabilidade; e salientou também que temos uma missão de alimentar bilhões de pessoas no mundo.
Os produtores brasileiros ficaram bem na fita em Davos. Agora, o que não vi ninguém ainda abordar é o foco. Uma priorização de como poderíamos, por exemplo, crescer o PIB brasileiro de hoje, dependendo da taxa do dólar, na casa de uns 2,1 trilhões de dólares para 2,5 trilhões de dólares, o que seria crescermos 20% em cinco ou seis anos.
Mas, como? Qual o foco estratégico? O agro nacional representa 25% do nosso PIB brasileiro. Nas minhas conta seria 35%, pois agronegócio é um complexo agroindustrial. Esses 25% dividi por categorias, sendo PIB igual a 100. A agropecuária, dentro da porteira, fica com 30%. A tecnologia, ciência, insumos e máquinas (o antes da porteira) ficam com 10%. E o resto? Onde estão os 60% restantes? Além das porteiras, depois das porteiras das fazendas, predominantemente no comércio, supermercados, setores financeiros, transportes e na agroindustrialização.
Quer dizer, para conduzirmos um PIB nacional para crescer 20% em seis anos, só conseguiremos se dobrarmos o tamanho do nosso agronegócio, e isso só irá ocorrer com agregação de valor, agroindústria, processamento e a multiplicação de muitas Havaianas, a única marca brasileira global que deveria ter sido batizada de “Brasilianas”, pois a marca ainda fica com cara de Havaí.
Então, para o PIB crescer 20% precisaremos de um agro que dobre de tamanho. E isso, além de produção agropecuária em tudo, frutas, hortaliças, especiarias e até no lançamento do suco mais gostoso do mundo, o de jabuticaba. Precisaremos de agroindústrias. Micro, pequenas, médias e gigantes globais.
O presidente foi brevíssimo, mas que o estudo profundo do agronegócio para que ele dobre de tamanho esclareça o papel determinante da agroindustrialização e seus serviços. O agronegócio é um complexo agroindustrial integrado. Vamos voltar às origens do termo Agribusiness, criado em Harvard, e no Brasil em 1990, com o pioneiro Ney Bittencourt de Araújo e Prof. Decio Zylbersztajn, no Pensa, da Fea-Usp.
José Luiz Tejon Megido é mestre em Educação Arte e História da Cultura pelo Mackenzie, doutor em Educação pela UDE/Uruguai e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).
Fonte: Assessoria de Imprensa