Não usem o santo nome dos agricultores brasileiros em vão

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José Luiz Tejon

O agronegócio significa em torno de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Mas, atenção: desses 25%, se transformados em 100%, como ficaria a divisão dentro dele? Quanto significa os produtores rurais dentro dessa conta do agronegócio? Cerca de 30%. O restante, ou seja, 70% do que chamamos agronegócio, não está dentro da porteira das fazendas.

Esses 70% são formados, na sua maior parte, em quase 60% pela indústria, a agroindústria, pelos supermercados, o varejo dos alimentos, pelo transporte e armazenagem. Os outros 10% pelos setores de máquinas agrícolas, sementes, adubo, defensivos e produtos veterinários.

Do total do agronegócio brasileiro, saiba que 70% dele não estão nas mãos dos agricultores. Apesar de que sim, sem os produtores rurais não haveria todo o resto. Mas, para que serve toda essa conta?

Voltando ao assunto do tabelamento do frete. Com essa bagunça de falta de negociação ao longo do tempo, com caminhoneiros sofrendo e sendo castigados com condições inumanas de trabalho na horrível infraestrutura da logística brasileira, com o que concordo com os líderes dos seus movimentos, mas, também colocando um basta na choradeira da vitimização nacional que assola o país, ou seja, pela incompetência da Sociedade Civil Organizada e dos seus representantes em se unirem e juntos resolverem os problemas do país, voltamos agora a um impasse com promessas de mais crises na relação transporte, o país e o agro.

Mas, atenção: um agro industrial, um agro comercial, em que essa questão do confronto com a idiotice do tabelamento do frete não pode ser colocada para a opinião pública como sendo agora coisa dos agricultores versus os caminhoneiros. Onde não há diálogo e negociação, tudo termina em explosão. Existe um comando nacional do transporte, a CNT, assim como existe a Confederação Nacional do Transporte, além de dezenas de associações e de candidatos a serem líderes dos caminhoneiros.

Do outro lado temos dezenas de entidades patronais, uniões como a Associação Nacional dos Usuários de Transportes, além de termos a CNA – Confederação Nacional da Agropecuária, a CNI, da indústria, e a CNT, do comércio. E pelo lado do governo, os ministros e o transporte da agricultura, que aparecem falando agora em nome dos antagonistas dos caminhoneiros, têm a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, que vai propor nova tabela.

Então, como cantava Raul Seixas: “Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação;
o problema é: muita estrela, ‘prá’ pouca constelação”. Vivemos, sim, uma gravíssima crise de lideranças e de representação, e nesse vácuo, sobram WhatsApps com espertos berrando, chamando suas vítimas e fazendo convocação. “O menino da porteira” cantava também Sérgio Reis, “Toque o berrante, seu moço que é pra eu ficar ouvindo…”. Portanto, não usem o santo nome dos agricultores brasileiros em vão.

Sobre o CCAS – O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto. O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel.

 

* Por José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Dirige o Núcleo
de Agronegócio da ESPM.

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