No estágio de alongamento e espigamento, indicação é de aplicação de inseticida quando a incidência for superior a 10 pulgões por espiga. Aplicação não deve ser realizada na maturação
Com o aumento das temperaturas registradas nos últimos dias e a previsão de que o calor irá se prolongar, produtores de trigo devem ficar mais atentos e monitorar suas lavouras diariamente. A preocupação no momento é a infestação do pulgão Sitobion avenae na espiga do trigo. Tanto em São Paulo, quanto no Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a temperatura média tem ficado acima dos 21°C nos últimos dias, condição ideal para a proliferação desses pulgões. Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Douglas Lau, o inseto se desenvolve e se multiplica melhor em temperaturas amenas (entre 18 a 25°C) e em períodos de pouca chuva. Já o clima frio, aumenta a duração do ciclo de vida e diminui a multiplicação. “Os danos são diferentes em casa estádio de desenvolvimento do trigo e serão mais significativos dependendo a população de insetos por espiga. O limite para iniciar o controle é acima de 10 pulgões por espiga”, explica.
Quanto mais jovem o trigo, maior a preocupação. O produtor deve ficar mais atento aos danos do pulgão na planta quando o trigo estiver entre a emergência até o florescimento. “Nesses estádios o inseto transmite um vírus que compromete o desenvolvimento da planta. São nessas fases que a aplicação de inseticida tem maior necessidade”, recomenda o pesquisador.
No Rio Grande do Sul, infestações de pulgões foram localizadas em praticamente em todas as regiões tritícolas. “Temos relatos de produtores de pelo menos três cidades: Passo Fundo (estágio de emborrachamento) e na região das Missões, em Ajuricaba (espigamento) e Três de Maio (espigamento)”, disse Douglas.
Na região dos Campos Gerais do Paraná e Sul de São Paulo, segundo relato do engenheiro agrônomo da Biotrigo, Deodato Matias Junior, produtores já estão realizando o manejo com o inseticida, pois o trigo encontra-se na fase de enchimento de grãos. “O calor e a falta de chuva provocaram a multiplicação dos pulgões rapidamente”, disse Deodato. A recomendação é aplicar o inseticida, quantas vezes forem localizados focos com mais de 10 pulgões por espiga.
Não aplicar
Na região Central do Paraná, especialmente em Campo Mourão, foram localizadas áreas de trigo já com superpopulação de pulgões, chegando a 15 insetos por espiga. Porém, lá o estádio de desenvolvimento do trigo é outro. Conforme Bruno Alves, também engenheiro agrônomo da Biotrigo, o trigo encontra-se na fase de maturação fisiológica, prestes a ser colhido. “Neste estádio não recomendamos fazer a aplicação, pois corre o risco de ficar resíduo no grão”, alerta o pesquisador Douglas.
Controle
Como medida preventiva de controle de pulgão e proteção da planta nas fases iniciais, uma alternativa é o tratamento de sementes com inseticida do grupo dos neonicotinoides. Já para controlar a infestação, recomenda-se realizar manejo dos pulgões da parte aérea do trigo com inseticidas em pulverização apenas quando forem atingidos os seguintes níveis populacionais:
– Média superior a 10% de plantas infestadas, da emergência ao afilhamento
– Média superior a 10 pulgões/afilho, do alongamento ao emborrachamento
– Média superior 10 pulgões/espiga, do espigamento ao grão em massa
– Na fase de maturação fisiológica, não realizar a pulverização.
As aplicações devem ser repetidas sempre que forem constatados esses níveis, durante os períodos considerados.