Embora num ritmo mais lento, o agronegócio também já começa a se beneficiar das estratégias e soluções que a tecnologia desenvolveu para a indústria 4.0: a combinação de sensores, telecomunicações e máquinas inteligentes está aperfeiçoando a agricultura de precisão, economizando ainda mais nos insumos, elevando a qualidade e o volume de produção no campo, e economizando tempo nas operações após a colheira. Uma das soluções mais inovadoras é da Bembras Agro: uma combinação de drone, câmeras fotográficas de alta resolução com sensor infravermelho e uma plataforma para processamento dos dados. O resultado são mapas detalhados das áreas plantadas, dos quais se podem obter até os dados para comando automático dos tratores ou sistemas de irrigação. “O processamento das imagens mostra pragas e doenças das plantas, mas pode mostrar também altimetria, falhas de plantio, desenhos das curvas de nível”, detalha Johann Coelho, diretor de desenvolvimento de negócios. A solução, cujo preço começa em R$ 5 mil, inclui o aluguel permanente do drone, treinamento, seguro e utilização da Drone Deploy, a plataforma que processa as imagens, diz Alen Sereni, o diretor comercial da Bembras Agro.
Com base em sensores de umidade, telecomunicações e um sistema de processamento, a Senser, startup baseada em São Carlos, desenvolveu uma solução para controlar a irrigação de propriedades rurais e assim elevar a produtividade sem desperdício de água: “Os sensores estão combinados com um equipamento de rádio, já que no campo nem sempre há comunicação celular”, explica Sonia Zanetti, fundadora da empresa. A solução, segundo ela, é mais apropriada para áreas grandes: “Os sensores monitoram a umidade do solo, enviam os dados a um servidor, que depois disso os envia a uma plataforma de processamento. Por meio dela o produtor pode acompanhar online as condições de umidade da área plantada”, acrescenta.
Fundada no Brasil e agora baseada em São Francisco, Califórnia, a Bovcontrol se especializou em coletar e processar dados de pecuária para automatizar as operações e orientar a tomada de decisão dos fazendeiros, explica o CEO da empresa, Danilo Leão: “E temos de fazer isso de uma forma amigável, simples, porque nessa cadeia produtiva temos o problema da pouca qualificação de muitos dos usuários”, afirma. A coleta dos dados é feita não só por meio de sensores, mas também por meio de dispositivos portáteis como smartphones e tablets: “Coletamos uma massa significativa de dados relacionada aos animais, à terra, às pessoas e até ao capim”, acrescenta.
A Bovcontrol já é utilizada por 31 mil fazendas, 40% delas no Brasil, e a empresa está crescendo a uma taxa recorde de 6% por semana, segundo Leão.
Outra startup brasileira, a Mvisia, de São Paulo, está aplicando visão computacional, mecatrônica e inteligência artificial para solucionar um complexo problema do agronegócio: seleção de mudas e de frutas. “A questão é que o cliente paga mais por um fruto bonito”, diz o paraense Fernando Velloso, um dos sócios da Mvisia. Graduados em engenharia mecatrônica, os sócios começaram a desenvolver as máquinas de seleção cinco anos atrás: “Começamos fazendo a seleção de mudas, para padronizar os tamanhos em cada bandeja e depois evoluímos para a seleção de frutas”, conta ele. As imagens das câmeras de alta resolução do equipamento não só permitem a medição das plantas e frutas como também a localização de irregularidades que reduzem os preços das frutas, separando assim as melhores em cada lote.
Fonte : Valor