Estudiosos da cultura no Brasil apresentaram trabalhos científicos na capital Bucareste e percorreram lavouras do leste europeu; Romênia é o terceiro maior produtor de soja da Europa, atrás de Rússia e Ucrânia
Cerca de 50 pesquisadores brasileiros viajaram à Romênia entre os dias 18 e 25 de junho último. A convite do projeto DuPont Expert Team, mantido pela DuPont Proteção de Cultivos, os especialistas começaram o giro de intercâmbio tecnológico pela capital Bucareste, na qual debateram ensaios produzidos recentemente na fronteira agrícola da soja brasileira, nas áreas de fungicidas, herbicidas e tratamento de sementes. Em seguida, o grupo visitou às principais regiões de lavouras do país do leste europeu.
A Romênia tornou-se o terceiro maior produtor de soja da Europa, atrás de Rússia e Ucrânia. Com uma área total de 23,8 milhões de hectares, sendo 9 milhões de hectares ocupados por áreas agricultáveis, o país tem hoje no agronegócio um dos pilares de sua economia. A atividade agrícola romena responde por 6% do PIB.
Segundo o grupo de pesquisadores, um dos pontos altos da viagem foi a visita a uma propriedade da empresa Agricost, situada na Grande Ilha de Braila, na parte romena do rio Danúbio. Nessa fazenda, os brasileiros trocaram experiências com profissionais romenos sobre manejo sustentável e tecnologias para elevar a produtividade nas culturas de soja, milho, trigo e girassol.
Pesquisador da Fundação MS, o engenheiro agrônomo-doutor José Fernando J. Grigolli, convidado da DuPont, revelou ter ficado surpreso com o campo romeno. “Esperava uma agricultura com baixo nível tecnológico, e, ao contrário, observamos tecnologias com máquinas e sistemas de cultivos muito interessantes, além do alto rendimento dos grãos cultivados pela Agricost”, destaca Grigolli. No Brasil, ele se dedica a estudos sobre manejo de pragas, doenças, plantas daninhas e nematoides em soja e milho.
O sócio-diretor da consultoria Agrodinâmica, do estado de Mato Grosso, engenheiro agrônomo Valtemir José Carlin, especialista em proteção de plantas, também presente no Expert Team, entende que a Romênia leva ao menos duas vantagens em relação ao Brasil no tocante à produção de soja, a despeito do gigantismo das lavouras brasileiras. “Eles têm um clima frio, com inverno muito forte, um fator que diminui a incidência de pragas e doenças, e uma logística surpreendente, pela possibilidade de escoar a produção por ampla via marítima, pelo Mar Negro, por exemplo”, diz Carlin.
Na etapa da viagem dedicada ao debate científico, na capital Bucareste, que antecedeu ao tour tecnológico, o grupo de pesquisadores apresentou trabalhos envolvendo os fungicidas Vessarya® e Aproach® Prima, o inseticida para tratamento de sementes Dermacor® e o herbicida Ligate®, que será lançado pela DuPont.
Na área de fungicidas, os temas predominantes foram o manejo de resistência da ferrugem asiática e o controle de doenças de final de ciclo da oleaginosa. Na de tratamento de sementes, os estudos focaram o controle de pragas de solo como coró e elasmo, além da proteção contra Spodopteras na fase inicial da cultura. No tocante a plantas daninhas, os especialistas trataram de métodos de controle, tendências futuras para infestações de invasoras e do aumento da resistência de ervas a herbicidas em linha no mercado brasileiro.
Os pesquisadores Carlin e Grigolli ressaltam que já desenvolveram dezenas de trabalhos com os fungicidas Vessarya® e Aproach® Prima.
“Aproach® Prima ainda é um produto considerado eficiente para controle da ferrugem da soja, e que pode também fazer parte do manejo de resistência, através da rotação de produtos ou modos de ação. Vessarya® está entre os melhores produtos do mercado”, afirma Carlin. Para Grigolli, os dois produtos mostram bons resultados de controle da ferrugem asiática. “Vessarya demonstra ser a carboxamida registrada mais eficiente no controle da doença no Mato Grosso do Sul”, finaliza o cientista.