Nos últimos anos, muitas pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de entender como a nutrição materna afeta a saúde e a produtividade durante o período pós-natal. Sabe-se que a nutrição materna durante a prenhez desempenha função essencial sob o desenvolvimento fetal e placentário, afetando diretamente a saúde e a produtividade de prole.
Quando o manejo nutricional da matriz é deficiente, a subnutrição é uma consequência imediata, sendo reportadas severas complicações na produção animal, que incluem o aumento da mortalidade neonatal, disfunções respiratórias e intestinais, crescimento neonatal retardado e diferenças no diâmetro das fibras musculares. Como resultado ocorre a redução na qualidade da carne.
Um aumento no suprimento de aminoácidos possui grandes implicações na programação fetal, pois quando a dieta é deficiente em cisteína ou taurina, grande parte da metionina é utilizada para conversão destes dois aminoácidos. Assim, a deficiência destes aminoácidos possui efeitos duradouros sobre os efeitos epigenéticos no desenvolvimento do feto.
Com a subnutrição das fêmeas, ainda durante a placentação e estabelecimento do sistema vascular materno-fetal, é reduzida a transmissão das quantidades necessárias de nutrientes e de oxigênio, sendo estes muito exigidos durante o terço final de gestação.
Com relação ao desenvolvimento muscular, o período fetal é crítico para o desenvolvimento das fibras musculares, pois após o nascimento não há aumento no número de fibras musculares. Em um experimento realizado por Greenwood, onde demonstraram que machos com 30 meses de idade, oriundos de fêmeas submetidas a restrição nutricional durante a gestação, tiveram um peso corporal e peso de carcaça inferior quando comparados à machos oriundos de vacas com nutrição adequada, demonstrando que o crescimento muscular foi prejudicado.
Além dos efeitos produtivos, ainda são reportados efeitos reprodutivos, onde novilhas oriundas de fêmeas submetidas à suplementos proteicos durante o terço final de gestação obtiveram a taxa de prenhez superior quando comparadas a novilhas oriundas de vacas não suplementadas. Em um segundo estudo, a suplementação proteica das vacas influenciou a puberdade das filhas, pois um maior número de fêmeas atingiu a puberdade, quando comparadas as filhas de vacas não suplementadas.
Os efeitos de uma correta suplementação das matrizes sobre o seu próprio desempenho reprodutivo são notáveis, em um experimento realizado por Nepomuceno, onde vacas foram submetidas à uma suplementação proteica obtiveram taxa de retorno à ciclicidade no pós-parto precoce 13 % superior e aumento na taxa de prenhez de 4,8%, quando comparadas a vacas não suplementadas em um mesmo escore de condição corporal.
Um fato potencial associado à subnutrição durante a gestação é o aumento exponencial de substâncias oxidativas no corpo da matriz, sendo que a subnutrição leva à uma redução de substâncias antioxidantes, estas, por sua vez, desempenham consequências negativas para o feto à curto e longo prazo. Assim, a suplementação adequada com Selênio visa prevenir possíveis efeitos deletérios causados pelos radicais livres.
Portanto, é notório o efeito da suplementação mineral proteica durante a fase gestacional, assim, com o objetivo de suprir as necessidades de aminoácidos como já citados, devemos ter em mente a utilização de produtos de suplementação animal que contenham em sua formulação fontes de proteína verdadeira que propiciarão um aporte de nutrientes necessários para o desenvolvimento fetal adequado, refletindo na produtividade do sistema de cria.
Marcos Vinicius Biehl é Médico Veterinário, Doutor em Ciências e Gestor Nacional de Cria da Premix