11 de abril de 2016

O agronegócio foi responsável por 52,2% de todas as exportações brasileiras no mês de março. O país vendeu ao mercado externo US$ 8,35 bilhões, o que representa uma alta de 5,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse valor é recorde para março, desde que começou a série histórica, em 1997. “Isso mostra a competitividade do nosso setor e a qualidade dos nossos produtos”, disse Tatiana Palermo, secretária de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os cinco principais setores exportadores foram o complexo soja (US$ 3,47 bilhões), complexo sucroalcooleiro (US$ 737,29 milhões), produtos florestais (US$ 823,59 milhões), café (US$ 454,82 milhões) e carnes (US$ 1,24 bilhão). A carne de frango continua no topo da lista do segmento carnes, respondendo por US$ 576,68 milhões das exportações em março. Em seguida, vem a carne bovina com US$ 503,67 milhões, e a carne suína, com US$ 108,30 milhões. A agropecuária também comemora recordes em volume de alguns produtos agrícolas. Em março, as exportações de soja chegaram a 8,4 milhões de toneladas. Já as de milho chegaram a 2 milhões de t, e as de frango in natura (carne fresca, congelada e refrigerada), 369 mil t. Os números, divulgados pela SRI nesta sexta-feira (8), mostram outro resultado positivo: a balança comercial do agro teve superávit no mês passado. As exportações superaram as importações em US$ 7,19 bilhões. “Nosso setor se destaca tanto na produção quanto nas exportações”, assinalou a secretária. Quando se analisa o primeiro trimestre de 2016, a balança agro também foi superavitária. As vendas ao mercado externo ultrapassaram as importações em US$ 17 bilhões. No período, as exportações brasileiras somaram US$ 20,03 bilhões, alta de 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado. “Enquanto a Organização Mundial do Comércio está prevendo aumento de 2,8% no comércio mundial, crescemos três vezes mais”, comparou. As vendas externas do complexo de soja somaram US$ 5,13 bilhões, com destaque para a soja em grãos (US$ 3,79 bilhões). No setor de carnes, a quantidade exportada atingiu o valor de US$ 3,21 bilhões, sendo que o principal produto embarcado foi o frango, responsável por 45,9% das vendas do setor. Outro destaque foi o milho, com um faturamento de US$ 1,97 bilhões. Esta receita responde por 90% das exportações de todos os cereais brasileiros. O principal destino das exportações do agronegócio continua sendo a China: US$ 4,29 bilhões no primeiro trimestre de 2016. Só de soja, o país asiático comprou US$ 2,98 bilhões. Entre os principais blocos econômicos e regiões, a Ásia foi o mercado que mais comprou produtos do agronegócio do Brasil, entre janeiro e março (US$ 8,87 bilhões). O crescimento de 23,8% em relação ao primeiro trimestre de 2015 se deve à expansão das vendas de soja e milho. Com isso, a participação asiática nas vendas de produtos brasileiros subiu de 36,1% no ano passado para 41,9% em 2016. Segundo Tatiana Palermo, o câmbio favorável e a diversificação de mercados pelo Brasil contribuem para os bons resultados das exportações do agronegócio. A secretária lembra ainda que os índices de preços internacionais dos alimentos chegaram ao patamar recorde em fevereiro de 2011. Mas, a partir dessa data, as cotações regrediram 30% até fevereiro deste ano. “Mesmo com esta situação desfavorável, conseguimos aumentar nossas vendas no mercado externo em faturamento e quantidade. O setor agropecuário se tornou essencial para o crescimento da economia brasileira”, destacou a secretária. Veja aqui o estudo completo da balança comercial do agronegócio. MAPA Fonte: FAMASUL

A mansão em estilo francês à beira de um lago nesse arborizado bairro de Minneapolis, nos Estados Unidos, está perdendo seus ocupantes mais famosos, agora que os executivos da Cargill Inc. estão trocando suas escadas em espiral e lareiras por uma sede com escritórios mais monótonos nas proximidades.

O diretor-presidente da Cargill, David MacLennan, e sua equipe serão os primeiros em 70 anos a dirigir a empresa — uma potência global no processamento de cultivos, carne e outras commodities — num novo endereço. A mudança reflete alterações mais amplas dentro da maior empresa americana de capital fechado em vendas.

MacLennan, 56 anos, está fazendo uma reforma na Cargill após dois anos de lucros em queda. Ontem, ela divulgou uma pequena alta no lucro do seu terceiro trimestre fiscal em relação a um ano atrás, para US$ 459 milhões, mas alertou que a fraqueza no setor deve continuar. A receita caiu 11%, para US$ 25,2 bilhões, um reflexo, segundo a empresa, da queda dos preços das commodities e da alta do dólar.

Ainda de propriedade das famílias Cargill e MacMillan em seu 151o ano de vida, a Cargill já resistiu a muitos booms e colapsos do mercado agrícola. Mas MacLennan agora enfrenta uma mudança no comportamento dos consumidores ocidentais, que estão abandonando marcas de alimentos tradicionais que dependem de ingredientes “commoditizados” de baixo custo, que são a especialidade de empresas como a Cargill.

“Eles querem saber o que está em seu alimento, quem os preparou, que tipo de empresa é, como elas tratam os animais?”, disse MacLennan em sua primeira entrevista extensa sobre as reformas na Cargill. “É isso o que os EUA e a Europa, e logo, creio, cada vez mais outras economias, vão querer.”

Fundada como um armazém de grãos em Iowa, a Cargill emprega hoje 149 mil pessoas em 70 países (28 mil só na América Latina), com operações em quase todos os aspectos da produção de alimentos. Ela opera barcas que transportam fertilizantes para os agricultores, compra seus produtos agrícolas e os processa em óleo de fritura, malte para cerveja e adoçantes para refrigerantes. Ela fabrica rações para animais que ela mesmo cria e abate para fornecer nuggets de frango e carne moída a clientes como Wal-Mart Stores Inc. e McDonalds Corp.

Uma desaceleração global nos preços do petróleo, metais e bens agrícolas aprofundou os desafios no setor já volátil de comércio de commodities. No ano passado, a Cargill gerou US$ 120 bilhões em receitas, uma queda de 11% em relação ao ano anterior, à medida que a alta do dólar e as turbulências do mercado de commodities pesaram sobre suas vendas. O lucro de US$ 1,58 bilhão obtido em 2015, 41% menor que o pico registrado em 2011, “não atingiu as expectativas”, disseram os executivos aos acionistas no relatório anual da Cargill.

MacLennan, que adquiriu experiência executando ordens nas bolsas de futuros de grãos de Chicago antes de se juntar à divisão financeira da Cargill, em 1991, quer mudar a posição ocupada por ela na cadeia alimentar. O ano fiscal de 2016 será para a empresa o maior para desinvestimentos em uma década e, no mínimo, o segundo maior para aquisições, diz ele.

Depois de vender suas processadoras de carne suína no ano passado, a Cargill fez uma aposta de longo prazo na criação de peixes como uma fonte de proteína alternativa que pode exigir menos recursos que porcos e gado, comprando a produtora norueguesa de ração de peixes EWOS por US$ 1,2 bilhão.

Nos EUA, a Cargill começou a fabricar produtos de milho e soja livres de transgênicos. Ela está expandindo um negócio de dez anos de ração orgânica para frango, onde as vendas no ano fiscal de 2016 já subiram 50% em relação ao ano anterior.

“Eles estão tentando consertar ativos que podem ser consertados para, em seguida, tomar uma decisão sobre se eles ainda cabem dentro do portfólio” da empresa, diz John Rogers, analista da agência de classificação de crédito Moody’s Investors Service Inc. “É uma mudança tanto no modelo de negócios quanto na cultura.”

Para acelerar a tomada de decisões, nos últimos oito meses MacLennan dividiu em duas sua equipe sênior de gestão, reorganizou linhas de negócios e eliminou cerca de metade dos comitês corporativos da empresa, reduzindo a burocracia que, segundo alguns executivos, contribuiu com a queda dos lucros.

MacLennan, que foi nomeado diretor-presidente da Cargill em setembro, também está promovendo mudanças no conselho de administração. À medida que membros mais velhos se aposentam, uma nova geração das famílias Cargill e MacMillan está ocupando os assentos. As duas adições mais recentes, Andrew Cargill Liebmann e Richard Cargill, têm 30 e poucos anos de idade e nunca trabalharam para a empresa, disse MacLennan.

Parte do desafio da Cargill é o seu compromisso em se manter como uma empresa de controle familiar, o que exige que o crescimento seja financiado através da emissão de dívida e com seus próprios lucros.

As famílias proprietárias possuem cerca de 90% das ações da empresa, e cerca de 80% dos lucros são reinvestidos. Os membros da família, nenhum dos quais trabalha atualmente na empresa, recebem os dividendos.

Lucros em queda significam que a empresa tem menos recursos para reinvestir em negócios promissores, e manter uma forte nota de crédito é necessário para continuar a financiar as operações, dizem analistas.

Para preparar os jovens da família, MacLennan os leva em visitas às unidades processadoras nos EUA e granjas na China.

Embora os membros da família Cargill e MacMillan sejam frequentadores das listas de bilionários norte-americanos, trabalhar na empresa retém um certo fascínio. Este ano, um jovem da família planeja trabalhar nas operações de peru da Cargill nos EUA.

“Ele vai começar de baixo, literalmente”, disse MacLennan. “Essa é a melhor maneira de aprender um negócio.”

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