Algumas previsões para 2016 e adiante

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23.03.2012 - ANDEFFotos: Tatiana Ferro

Por Claudio Spadotto, membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e gerente geral da Embrapa Gestão Territorial.

Tudo indica que 2016 será um ano difícil, até mesmo para o agronegócio brasileiro, que tem contribuído sobremaneira, ano após ano, para que a situação do nosso país não seja pior.

Arriscando fazer algumas previsões, digo que seguiremos no caminho da autossuficiência na produção do trigo e as nossas vacas produzirão mais leite. Tecnologias para isso não faltam.

Trabalhos da Embrapa demonstram o significativo potencial do Brasil como produtor de trigo, o que seria suficiente para atender o consumo interno e permitir a exportação. Os resultados do trabalho fornecem indicativos de que as políticas públicas podem atuar nas relevantes regiões tradicionais de produção de trigo na busca pela minimização das variações temporais, visando à melhor qualidade do trigo produzido. Assim como, na retomada de áreas de produção de trigo hoje em declínio ou estagnação, mas que já apresentaram significativas contribuições no passado. Além disso, o planejamento e investimento na otimização da logística de escoamento do trigo em direção aos centros de consumo do país são fundamentais para garantir a competitividade do produto nacional frente ao importado.

No entanto, incrementos significativos na quantidade produzida apenas serão possíveis mediante a incorporação de novas áreas de produção com mudanças na dinâmica territorial da triticultura no Brasil. Nesse sentido, dadas suas características, a região do Planalto Central (Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia e parte do estado de São Paulo) destaca-se para receber ações de fomento à produção do trigo.

O fato de que parte dos municípios que apresentam as maiores áreas adequadas à produção de trigo também são relevantes na produção atual é um indicativo da possibilidade de expansão da cultura. Não estamos falando de novas áreas que dependem do desmatamento, mas sim de áreas já agrícolas, ocupadas com outras culturas ou pastagens.

No caso do leite, apesar da alta produção no País (32,2 bilhões de litros de leite bovino em 2012), a produtividade nacional, aproximadamente de 1.400 litros por vaca por ano, é baixa quando comparada a de outros países.

A adoção de tecnologias proporcionarão melhor nutrição, manejo, genética do rebanho e consequente aumento da produção, além da melhoria na qualidade do leite. No entanto, ao se planejar as ações de transferência tecnológica, devido à extensão territorial do Brasil, é necessária a identificação de regiões prioritárias. Há diversas linhas estratégicas para identificar essas regiões, mas simplificadamente pode-se considerar regiões que possuem alta ou baixa produtividade do rebanho leiteiro.

As regiões já com alta produtividade possuem maior nível tecnológico e espera-se que a adoção de novas tecnologias não precise de um processo de reeducação dos produtores e profissionais envolvidos. Entretanto, o alto patamar produtivo irá tornar mais lento o aumento de produção e, também, irá promover uma maior concentração da produção de leite nacional, com suas consequências sociais e econômicas.

As regiões hoje com baixa produtividade apresentam maior atraso nas técnicas agropecuárias, podendo apresentar, com a adoção de novas tecnologias, um incremento de produção mais rápido do que em regiões com maiores produtividades. A priorização das ações de transferência de tecnologia para as regiões de baixa produtividade segue no sentido da menor concentração da produção leiteira no país e do aumento na renda em pequenas propriedades rurais, que, em geral, são as com baixa produtividade de leite.

A análise realizada pela Embrapa compara essas duas estratégias de identificação de municípios prioritários para ações de transferência de tecnologia. Em ambas é possível se obter o aumento de 40% na produção de leite no país. O interessante é que essas estratégias não são excludentes, ou seja, as duas podem ser adotadas ao mesmo tempo em diferentes regiões.

Não precisa ser vidente para prever o que ocorrerá esse ano e nos próximos anos. Precisamos de capacidade de planejamento e efetividade das ações.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel

Tatiana Freitas
Consultora de Comunicação
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