Pé no chão, sim. Medo não.

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23.03.2012 - ANDEFFotos: Tatiana Ferro

Por Coriolano Xavier, Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.

A exportação de uma tonelada de grãos gira em torno de US$ 430, atualmente, enquanto o embarque do mesmo volume de carne representa mais de US$ 1,7 mil. Olhando para o futuro, essa relação de retorno já demonstra bem em que direção o agronegócio brasileiro deve investir e priorizar focos.

Isso não é uma projeção abstrata. Segundo a FAO/OCDE, por exemplo, até 2022 o consumo mundial de carnes terá um crescimento firme, sendo 13% para a carne suína, 14% para a bovina e 19% para a de frango. E, se há um país que tem fortes vantagens comparativas para aproveitar oportunidades nesses mercados, esse país é o Brasil. Tanto que, em setembro último, assumiu a liderança no ranking dos principais exportadores mundiais de frango.

Para quem tem dúvidas, vamos pensar na crise que atravessamos no país e vamos pensar na competitividade dos produtores, individualmente. Toda crise, pelas dificuldades conjunturais que traz, ressalta os pontos fortes e diferenciais competitivos de produtores e empresas que construíram vantagens sobre seus concorrentes, de forma sustentável, ao longo no tempo.

Para essas organizações o momento é para fazer valer essas vantagens e investir para avançar no mercado, conquistar novas áreas ou segmentos e impactar o mercado com inovações. A visão conservadora de ficar parado e esperar o pior passar até pode nos poupar de stress econômico ou financeiro. Mas, de outro lado, tende a não levar a lugar nenhum. Se temos confiança em nossos diferenciais competitivos – seja pensando como país ou como empresário, temos que ir para cima da crise.

O suinocultor brasileiro, por exemplo, é um dos melhores do mundo. O salto tecnológico que nossa suinocultura deu em três décadas, saindo do porco piau para a automação de granjas e abrindo espaço no mercado internacional, bem mostram a capacidade empreendedora do setor. A nossa avicultura e bovinocultura também não deixam por menos e dão lições de competitividade para o mundo.

O que não pode acontecer é todo esse potencial realizador ficar entorpecido pelos ditames da crise, pela falta de confiança, pelo temor da conjuntura. Realismo e pé no chão sim. É saudável. Imobilismo e temor não, pois não é assim que se superam situações e conquistam coisas. Aliás, a história das três cadeias produtivas brasileiras de carne é a melhor prova disso.

Sabemos que aumentar e dar estabilidade à produção de grãos, principal insumo da indústria de carnes, é estratégico para a expansão competitiva e de valor do agronegócio brasileiro. Mas olhando para o futuro, o grande desafio é agregar ainda mais valor, transformando commodities em alimentos beneficiados – conquistando se possível o consumidor final dos mercados do exterior e não apenas o importador de commodities.

Como fazer isso, não é um caminho rápido, nem suave. Além de coragem empreendedora, exige conhecimento, gestão de precisão e um olhar constante sobre o consumidor, pois o consumo alimentar passa hoje por mudanças radicais nas tendências de alimentação, em todo mundo, e aí certamente estarão oportunidades para diferenciar produtos e gerar valor percebido para nossas ofertas.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel

Tatiana Freitas
Consultora de Comunicação
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