Evento da ABAG resultará em um documento com o posicionamento alinhado entre todas as entidades do agro sobre como o setor pode ser parte da solução para as mudanças climáticas.
A COP 30 pode se apresentar como uma oportunidade para uma visão construtiva do agro na agenda do clima, como uma solução para mitigar esse desafio global. Nesse sentido, o setor deve continuar com sua missão de atender a demanda global e crescente por alimentos, produzindo com mais eficiência e sustentabilidade, reduzindo a pegada de carbono.
“Quantos setores podem se apropriar dessa narrativa?”, indagou embaixador Roberto Azevêdo, consultor da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio e ex-Diretor Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), durante o Fórum “Rumo à COP30: O Agronegócio e as Mudanças Climáticas”, promovido nesta quarta-feira (23/4), pela ABAG. Ele acrescentou que essa narrativa se sustentará somente se houver dois fatores: fatos e uma mensagem harmônica entre o governo e setor privado.
O painel trouxe avaliações de Aloisio Lopes, secretário Nacional de Mudança do Clima no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Alessandro Cruvinel, diretor de Apoio à Inovação Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Felipe Albuquerque, head of Sustainability LATAM da Bayer, Liège Vergili Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil e Regina Teixeira, diretora Sênior de Relações Governamentais e Assuntos Corporativos da Pepsico, sobre outros pontos importantes para o setor, como inovação, tecnologia e práticas sustentáveis, conectividade, desmatamento e emissões de biometano.

Para os especialistas, é fundamental ter um agro participativo, que apresente o que tem sido feito nos últimos anos e seu potencial exportador de tecnologia de produção para outros países. Além disso, é preciso ter convergência entre setores, governo e todos os players para se ter uma coalizão intersetorial, construindo recomendações escaláveis com base em inovação e tecnologia para a transformação técnica e ecológica do agro até o consumidor, apoiando, dessa forma, o desenvolvimento sustentável.
“Para a COP30, é necessário se ter uma mensagem positiva sobre o agro na agenda climática, ou seja, como o setor está contribuindo com a agenda de sustentabilidade, apresentando inovações para fazer a diferença. Se não tivermos essa narrativa, perderemos a oportunidade. É uma verdade que o agronegócio brasileiro é solução para agenda climática, mas ela não será assimilada se não for bem contada”, finalizou Roberto Azevêdo.
Solenidade de abertura – Durante a cerimônia de abertura, o presidente da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, afirmou que o agronegócio vive exposto às consequências das mudanças climáticas e, por isso, é importante buscar o posicionamento do setor referente ao tema. “Nossa missão é ter um alinhamento das entidades que compõem o agro brasileiro, que é protagonista global das cadeias agroindustriais, salientando que o Brasil pode se destacar por sua biocapacidade, uma vez que vivemos o século da bioeconomia. Nosso setor é parte da solução para mitigar as mudanças climáticas e esse posicionamento precisa ser defendido”, enfatizou.
André Correa do Lago, presidente da COP30 e secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, participou de forma remota, afirmando que a agricultura será um tema que o Brasil quer acentuar durante a COP30, no que se refere à negociação global, o setor vem sendo tratado como uma vítima das mudanças de clima, enquanto na agenda de ação, por haver mais flexibilidade, a agricultura pode aparecer como um dos principais elementos que podem contribuir significativamente para o combate de mudanças do clima.
A solenidade contou ainda com os pronunciamentos do ex-Ministro Roberto Rodrigues, professor Emérito da Fundação Getulio Vargas, Aloisio Lopes, secretário Nacional de Mudança do Clima no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Guilherme Piai, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, Muni Lourenço Silva Junior, presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA e presidente da FAEA, o deputado federal Arnaldo Jardim e Dan Ioschpe, Climate High Leve Champion da COP30.
ABAG apoia novo estudo da FGV – A Fundação Getulio Vargas (FGV) vai lançar um novo estudo com o apoio da ABAG, da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e do Instituto Equilíbrio, com o uso de dados aderentes à realidade, cenários factíveis e ferramentas de análise robustas, para responder a pergunta: “Qual é o potencial da sustentabilidade produtiva do agro?” O primeiro passo, segundo Talita Priscila Pinto, coordenadora do Observatório de Bioeconomia da FGV, foi o desenvolvimento de um modelo econômico com as informações mais importantes relacionadas ao setor.