Distribuição de Insumos nos EUA

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Executivo da distribuição de insumos dos Estados Unidos fala sobre os desafios do setor na América do Norte

Eu tive o prazer de vir várias vezes ao Congresso da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV). Tanto que o meu amigo Alberto Yoshida falou que eu deveria fazer minha  apresentação em Português. Mas, até agora, eu só aprendi a falar quatro palavras no idioma de vocês. Pão de queijo, churrascaria, cerveja e caipirinha. Então, eu vou ter que falar em inglês mesmo. Tratarei aqui sobre a nossa associação de varejistas agrícolas. Somos muito parecidos com a ANDAV. Nossa missão é educar em nome dos nossos membros. Trabalhamos com o Congresso Nacional, as agências regulatórias, os temas que todos vocês discutem diariamente aqui no Brasil. Também oferecemos serviços aos nossos associados, mas tudo o que desejamos é proteger a liberdade de operar de nossos integrantes, ajudando a suportá-los no sentido de trabalhar para alimentar o mundo. A RA é uma voz nacional para os varejistas agrícolas, somos diversas associações estaduais tratando de situações junto ao governo federal e nos apoiamos bastante. Somos cinco mil representantes e eles retratam 80% das vendas de insumos no país. São empresas grandes, de capital aberto, cooperativas, de todos os tamanhos, sentados juntos na mesma mesa, e também os fabricantes de insumos que enviamos aos produtores. Reunidos para levar uma mensagem só aos legisladores, ao governo federal e à sociedade. O mesmo que a ANDAV faz aqui.

Não temos estatísticas oficiais sobre nosso mercado de insumos, então dependemos de estimativas e estatísticas dos cem maiores varejistas dos Estados Unidos, em defensivos, venda de sementes e fertilizantes. Nos últimos anos, vimos uma mudança importante no mercado. Em 2022 e 2023, passamos de US$ 130 bilhões de dólares nestas empresas para mais de US$ 245 bilhões. E não é surpreendente por causa do aumento dos preços dos fertilizantes causado pelas preocupações geopolíticas e de suply chain. Parece que está tudo certo até aqui, mas o panorama preocupa demais nossos associados. Se pegarmos esses dados e compararmos com o preço do milho, os lavradores conseguiram lidar com esses valores, mas, atualmente, o faturamento das fazendas caiu bastante. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês) informou que 2023 e 2024 serão os maiores períodos de boas safras, mas há pressão na questão do crédito, os preços estão oscilando demais. E 2024 não será muito bom como os anos anteriores, assim como está ocorrendo no Brasil, pelo que ouvi durante o Congresso da ANDAV.

Temos, ainda, muitos problemas relacionados à agua, a pressão regulatória, os pesticidas tradicionais, as leis que tratam de como vamos usar os defensivos, existem muitos processos nos tribunais sobre o tema. E, ainda, a legislação sobre espécies perigosas, o que preocupa os produtores e, por consequência, os varejistas. Logicamente, é um tema importante, reconhecemos, envolve espécies em extinção e o registro das tecnologias. E temos processos nos tribunais. Logo, todo o nosso portfólio tem esses riscos se não adequarmos às questões ambientais. Precisamos entender esse processo todo e tomar as medidas mais adequadas.

Estamos assistindo, ainda, uma pequena consolidação em nossos negócios, desde 1994. Envolvendo organizações com até 1.500 lojas e outras que tem apenas três unidades. Não ocorre só no varejo, mas também com os fornecedores que produzem os produtos que vendemos, o que torna mais complexo o supply chain, forçando a criação de grupos para compras. A segmentação tornou-se importante para nossos termos. E nos provoca. Como vamos atuar? Quais clientes iremos atender? Outro assunto que está na mente dos nossos varejistas é a mão de obra. Está difícil. No campo e no varejo. Temos formas criativas de sair do problema, falamos com alunos do ensino médio, conversamos com pessoas de outras áreas sobre as diversas formas próprias de trabalhar como seres humanos e não automatizadas.

Outros pontos são carbono e sustentabilidade. Nos Estados Unidos, temos agências reguladoras que obrigam as empresas a divulgarem dados sobre as emissões. Em diversos escopos. Sobre propriedade, emissão, transporte. Mas, como podemos divulgar cada emissão? Quando falamos com os reguladores, a gente entende que eles tentam ajudar na compreensão dos procedimentos. Na pulverização, sabemos que o ideal é colocar o produto apenas onde ele é necessário. A revenda sempre procurou ajudar os produtores a atuarem da maneira mais eficiente possível e agora se vê obrigada a manter o atendimento com novas normas e novos procedimentos. Focando no valor que entregamos ao cliente. Para eles poderem sobreviver. Orientamos lavradores que tiveram problemas com lançamentos de fertilizantes em locais inadequados. Atuamos porque já sofremos dificuldades para alimentar o planeta com o uso de soluções, imagine se formos obrigados a conter o uso de tecnologias nas propriedades, tivermos metade dos alimentos disponíveis.

Então, acho importante salientar como fazemos nosso trabalho como associação. Queremos amplificar a voz dos distribuidores, unir as pessoas, levar a mensagem aos reguladores, aos motoristas de caminhão, a todos. Oferecemos oportunidades, networking, informação. Formas de melhorar a vida das pessoas, com oportunidades, em nosso sistema. Um exemplo é o de materiais usados para tratamento industrial de sementes. Os reguladores querem que obtemos registros diferentes para os materiais usados no TIS. Lutamos contra, mas adversidades como essa ocorrem em todos os momentos. Vi agora, no Brasil, a discussão sobre o uso de biocombustíveis porque é importante. Agora, nos Estados Unidos, temos graves situações envolvendo a água. Secas severas, queimadas que acabam com nossa paisagem, os venenos que estão sendo jogados nos rios. Há, agora, uma lei sobre cursos de água navegáveis que passam pelas fazendas e eles exigem condições especiais no uso de defensivos nesses locais, o que complica bastante nossa atividade, pressionando o nosso mercado. Isso está no nosso radar. Temos, por outro lado, programas de desenvolvimento profissional, mercado financeiro, qualificação para atuar no segmento, comunicação, serviços comerciais aos associados, treinamento, seminários, tudo a serviço dos afiliados. Muitos querem pagar os insumos em cartão de crédito, mas é um valor muito grande que sai do bolso do produtor. Temos um programa com instituição financeira para pagamento mais facilitado, barateando os desembolsos.

O último serviço que vou mencionar aqui é que, em 2013, tivemos uma grande explosão em uma fábrica, que matou pessoas e destruiu equipamentos. E os reguladores exigiram medidas de reparação. O que resultou em uma lei responsável, com avaliadores fiscalizando as fábricas, indicando o que devia ser melhorado, mostrando as medidas certas. Nós temos um bom número de empresas certificadas que passaram por essa inspeção. Isso é bom para nós. Assim como para vocês, aqui no Brasil. Também trabalhamos de forma geral, com iniciativas internacionais, para resolver outros problemas, falando com governos de outros países, além de outros segmentos de indústrias, sempre no sentido de melhorar o sistema alimentar no mundo todo. E teremos uma conferência em dezembro, nos Estados Unidos, em Houston, para falarmos de desafios gerais. E receberemos os brasileiros com muito prazer.

Daren Coppock
Presidente & CEO da Agricultural Retailers Association (EUA)

Agricultural Retailers Association – ARA
Associação comercial sem fins lucrativos  que representa os interesses de varejistas e distribuidores agrícolas nos Estados Unidos em questões legislativas e regulatórias. Defende questões críticas, educa legisladores e colabora com autoridades reguladoras em questões importantes que afetam a indústria.

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