A ANPII Bio (Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos) apresentou, nesta semana, um panorama inédito sobre o mercado de bioinsumos no Brasil. Os dados foram apresentados no 2º Workshop ANPII Bio de Inteligência de Mercado, realizado em Campinas na terça-feira (25), e mostram que, na última safra, o setor movimentou R$ 5,7 bilhões, com 156 milhões de hectares tratados. A expectativa é que, até o final da década, o mercado cresça 60%, ultrapassando R$ 9 bilhões em vendas. A projeção anual de crescimento das indústrias associadas é de 12,4% para os inoculantes e 20,4% para os biodefensivos, impulsionada pela adoção crescente de tecnologias como inoculantes solubilizadores de nutrientes e bioinseticidas.
Dados internos da ANPII Bio, coletados junto a 23 empresas associadas, indicam ainda um crescimento de 4,9% e 12,6% no valor das vendas e de 12,4 e 29,1% no volume comercializado, respectivamente, para inoculantes e biodefensivos. Embora o crescimento seja inferior ao observado em anos anteriores, a indústria de biológicos enxerga um potencial importante para os próximos anos. “O setor segue otimista, apesar do cenário de incertezas de 2024 e do início deste ano, marcado por retração das compras, menor rentabilidade dos produtores de grãos e limitações de crédito, com aumento acentuado dos riscos de inadimplência”, explica Anderson Nora Ribeiro, sócio-fundador da 5P2R Marketing de Precisão, que participa do evento trazendo uma análise detalhada do mercado.
Outro ponto de atenção tem sido o ajuste nos valores de insumos, especialmente em um cenário pós-pandemia. “A forte pressão de preços sobre defensivos químicos ancorou o mercado de bioinsumos. Mesmo assim, a adoção continuou crescendo, consolidando sua relevância”, destaca Lars E. Schobinger, sócio-diretor da Blink Strategie, que também compartilha, durante o workshop, dados de mercado sobre o setor.
Mesmo diante desses desafios, a taxa de adoção dos bioinsumos segue em alta. O mercado registrou um crescimento de 13,4% na área tratada e os dados das associadas mostram aumento de 12,4% nos volumes de vendas em relação a 2023, refletindo a consolidação dos biológicos na agricultura brasileira. “Nossas associadas estão projetando um crescimento para 2025 de 12,4% para os inoculantes e de 20,4% para os biodefensivos, com destaque para tecnologias como inoculantes solubilizadores de nutrientes e bioinseticidas. A evolução do setor está atrelada às inovações tecnológicas e à ampliação do uso de biológicos em diferentes culturas e regiões do Brasil”, explica Larissa Simon, Diretora de Operações da ANPII Bio.
Além da expansão no mercado interno, o Brasil também se posiciona como líder global em bioinsumos. Segundo levantamento da DunhamTrimmer LLC International Bio Intelligence, o país responde por 11,3% do consumo mundial desses produtos. Em segmentos como bioinoculantes e biodefensivos, essa participação é ainda maior, alcançando 12,6%, com projeção de atingir 16,4% até 2030 — o que significa que, até o final desta década, um sexto da adoção global desses dois importantes insumos biológicos virá do mercado agrícola brasileiro.
Lei de Bioinsumos
A recente aprovação da Lei de Bioinsumos foi um dos temas abordados durante o evento como um dos pontos essenciais para esse crescimento do setor ao longo dos próximos anos. A nova legislação, sancionada no fim de 2024, estabelece um marco regulatório para a produção, comercialização e uso de bioinsumos no Brasil, criando um ambiente mais favorável para o crescimento da tecnologia no campo.
A ANPII Bio acredita que, uma vez regulamentada, a lei criará estímulos e processos desburocratizados para as indústrias produtoras de bioinsumos, bem como para a pesquisa científica e o meio acadêmico, assegurando o crescimento da adoção desses produtos no médio prazo. “Também enfatizamos a necessidade de criar linhas de financiamento com taxas de juros mais baixas para produtores que incorporarem bioinsumos em seus sistemas produtivos, gerando maior demanda no campo por essa tecnologia”, continua Larissa Simon.
Além disso, a entidade defende que a regulamentação da lei permita o registro de produtos multifuncionais, ou seja, aqueles que desempenham mais de uma função nas lavouras, otimizando o manejo agrícola. “Atualmente, produtos com diferentes funções estão sujeitos a legislações distintas, o que limita os investimentos em pesquisa e desenvolvimento por parte das empresas e dificulta a criação de soluções com ações mais amplas”, pontua,
2º Workshop ANPII Bio de Inteligência de Mercado
Realizado na segunda (24) e terça-feira (25) no Hotel Vitória Concept, em Campinas (SP), o evento reúne cerca de 120 participantes, incluindo CEOs, diretores e executivos de mais de 30 empresas do setor. O workshop teve como objetivo fomentar a troca de informações estratégicas, proporcionando um panorama detalhado do mercado de bioinsumos e suas projeções futuras.
A edição deste ano trouxe uma abordagem mais completa e aprofundada em relação a 2024, ampliando a pesquisa interna da ANPII Bio para incluir dados sobre biodefensivos e um panorama do mercado internacional. Além disso, o impacto da Lei de Bioinsumos e o financiamento agrícola no contexto do Plano Safra 2024/25 estiveram entre os principais temas debatidos. A inclusão de novas análises, como a participação de agentes biológicos de controle, auxiliou a expandir a visão do setor e fortalecer a base de conhecimento para tomadas de decisão.
Os dados apresentados no workshop resultam de pesquisas conduzidas junto aos produtores rurais, complementadas por análises da indústria, especialistas e pesquisadores. Além disso, a ANPII Bio compartilhou números detalhados captados diretamente com suas associadas, abordando tecnologias, culturas e regiões com profundidade. A programação também incluiu uma discussão abrangente desses resultados, permitindo a identificação de tendências e projeções para os próximos cinco anos.
Mais do que um levantamento de mercado, o evento se posicionou como um espaço estratégico para que os participantes tivessem acesso a informações que orientam o crescimento sustentável do setor. “Os números e insights compartilhados foram fundamentais para que empresas ajustem suas estratégias, antecipem desafios e aproveitem oportunidades. Ao consolidar dados nacionais e internacionais, o workshop contribuiu para fortalecer a competitividade e o posicionamento da indústria de bioinsumos no Brasil e no mundo”, conclui Larissa Simon, Diretora de Operações da ANPII Bio.
Sobre a ANPII Bio
Fundada em 1990, a ANPII Bio sempre teve como missão promover a fixação biológica de nitrogênio e promoção de crescimento vegetal como tecnologias estratégicas para uma agricultura sustentável. Com o tempo, a entidade evoluiu e, em 2024, se alinhando à dinâmica natural do mercado, ampliou o seu escopo e passou a atender também outras categorias de bioinsumos, em meio a um cenário de crescimento no uso, produção e exportação desses produtos, solidificando o Brasil como um dos principais mercados globais de insumos biológicos.
A ANPII Bio, primeira associação representativa de insumos biológicos no Brasil, vem desempenhando um papel crucial na construção de uma legislação moderna e segura junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e outros órgãos reguladores. Isso permite que o setor produtivo ofereça produtos eficientes e inovadores, com biotecnologia de ponta aplicada à agricultura sustentável. Em parceria com a Embrapa e outras instituições de pesquisa, a ANPII Bio viabilizou estudos que diversificaram e expandiram o setor, com mais de 150 empresas desenvolvendo e comercializando bioinsumos que beneficiam agricultores, o meio ambiente e a sociedade.
A presença da ANPII Bio em eventos científicos, feiras agrícolas e espaços de discussão, juntamente com seu programa gratuito de EAD, tem promovido maior entendimento e conhecimento sobre a tecnologia dos biológicos e seus benefícios para a agronomia, agricultura e economia do Brasil. Atualmente, a ANPII Bio conta com mais de 40 empresas associadas. A entidade também integra diversos fóruns relevantes de impacto ao desenvolvimento do setor no Brasil. Muito já foi feito e há muito o que se fazer para que os insumos biológicos estejam ainda mais presentes na agricultura brasileira e mundial e contribuam para a sustentabilidade da produção agrícola.