O produtor rural brasileiro é resiliente, mesmo diante de questões climáticas e desafios econômicos. O cenário tem exigido que ele esteja sempre bem-informado, atento aos detalhes e utilize tecnologias para minimizar danos e agregar valor à produção. Nos cultivos de hortifrúti, especificamente, pequenos erros no manejo podem comprometer grande parte da produção. Sobretudo quando o agricultor é rentabilizado pela aparência de frutas, verduras e legumes, já que o consumidor busca vegetais bonitos, nutritivos e com maior durabilidade. Para obter essa qualidade, o produtor deve considerar diversos fatores em busca da alta performance em todo o ciclo produtivo.
Uma nutrição equilibrada vai muito além de uma simples aplicação de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Um exemplo é o potássio, elemento bastante exigido pelas culturas de hortifrúti. Muitas vezes a fonte utilizada pelo agricultor é o cloreto de potássio, que possui 47,5% de cloro em sua composição. Em altas quantidades, o cloro danifica as membranas celulares, prejudica o metabolismo das células e diminui a produtividade em culturas sensíveis, como cebola e abacate. Além disso, compete com outros elementos, como fósforo e enxofre, bloqueando o acesso destes nutrientes para a planta. O cloreto de potássio também tem um índice salino muito alto, fazendo com que a planta tenha perda de água. É importante optar por fontes de potássio com teores muito baixos de cloro e baixa salinidade.
O mesmo acontece em relação à escolha da fonte de nitrogênio, que pode ser desde a ureia, que tem elevados índices de perdas e acidificação potencial do solo, até o nitrato de amônio, que fornece nitrogênio nas formas nítrica e amoniacal, com menor potencial de perdas e favorecendo através de sinergia a absorção dos demais nutrientes pelas culturas. Contar com outros nutrientes importantes também é fundamental para aumentar o potencial dos cultivos, entre eles o enxofre, que melhora a fotossíntese; magnésio, que diminui o estresse da planta e melhora a translocação de nutrientes; e micronutrientes como ferro, boro e manganês, que garantem uma planta eficiente com alta produtividade e qualidade na produção.
Em lavouras demonstrativas localizadas em diversos locais do Brasil, Equador, México e Alemanha, foram comparados os efeitos dos fertilizantes convencionais e de uma solução de alta performance em hortifrúti. Os resultados demonstraram incremento de produtividade de até 57% na batata, com maior número de batatas de categoria especial, que vale em média o dobro do que a categoria anterior, assim como aumento da quantidade de amido. O aumento de produtividade foi de até 37% na cebola, com maior porcentagem de cebola “caixa três”, a mais valorizada pelo mercado. No tomate, além de 6% a mais de produtividade, houve aumento de tamanho, peso do fruto e número de pencas. A produtividade foi 49% maior na alface, com melhorias no peso e número de folhas, 18% no repolho e 15% na abóbora. Já o abacate alcançou o resultado mais expressivo, de 100% de incremento de produtividade.
A nutrição é a base de todo manejo mais sustentável. Ao produzir mais por hectare, temos um grande ganho em relação ao impacto ambiental, economizando área e recursos naturais. O agricultor também já pode e deve optar por soluções com menor pegada de carbono, contribuindo para a sustentabilidade do agronegócio. A combinação de todos esses fatores irá promover, não apenas o sucesso do agricultor a cada safra, mas um futuro mais positivo para a natureza.
Bruno Dittrich é especialista agronômico da Yara Brasil.