Financiamento internacional será destinado à implantação da fábrica de biometano a partir do bagaço de cana e à realização de projeto de capacitação para a comunidade de Américo Brasiliense (SP).
A São Martinho, uma das maiores empresas sucroenergéticas do mundo, realizou a captação de US$ 165 milhões por meio da IFC (International Finance Corporation), membro do Grupo Banco Mundial. A linha de crédito, com prazo de 10 anos, apoiará a implantação da primeira planta de biometano da Companhia, que será instalada na Unidade Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP), e produzirá gás natural renovável a partir da biodigestão da vinhaça da cana-de-açúcar. O valor captado também será utilizado para investimento em renovação de canaviais e para a realização do tratamento das lavouras de cana-de-açúcar da Unidade Santa Cruz, que terão como destino o projeto de produção de biometano, uma fonte de energia renovável.
Além desse financiamento, que contribuirá para o incremento na produção de energia limpa e renovável no país, a IFC apoiará, com base em sua experiência global em promoção da descarbonização, dois projetos da São Martinho focados no desenvolvimento sustentável: o São Martinho Inova (Produção de Carbono Renovável) e o Formação de Agentes Locais (Capacitação para a Comunidade).
O São Martinho Inova é o programa que norteia a construção de futuro da Companhia, focada no desenvolvimento de novas oportunidades de negócios para garantir a produção contínua de carbono renovável de menor custo, transformando esse carbono em novos produtos de maior valor agregado.
Já o Formação de Agentes Locais é um projeto do Programa de Transformação Social pela Educação (chamado de Transforma 3000), sendo este programa direcionado à promoção da inclusão e a diversidade por meio da educação e qualificação profissional, visando transformar socialmente as comunidades do entorno das suas unidades nas regiões de Pradópolis, Iracemápolis, Guariba, Américo Brasiliense, no interior de São Paulo, e Quirinópolis, no interior de Goiás.
Dado o alto grau de sustentabilidade dos projetos, e o compromisso da instituição global de desenvolvimento do setor privado e da São Martinho com o assunto, a IFC contribuirá com o Formação de Agentes Locais, o qual será realizado em Américo Brasilense (SP), onde está instalada a Unidade Santa Cruz.
Esse é o terceiro investimento da IFC em projetos inovadores e sustentáveis da São Martinho. A IFC tem histórico reconhecido na contribuição para a redução da pobreza e promoção da prosperidade em meio aos desafios das mudanças climáticas, por meio do financiamento social. “Essa nova operação reforça nossa parceria com a IFC e demonstra a confiança da instituição no nosso modelo de negócio sustentável e competitivo, que investe em inovação para produzir energia limpa a partir de carbono renovável, promovendo crescimento econômico, preservando o meio ambiente e contribuindo para o bem-estar social das comunidades onde atuamos”, destaca Felipe Vicchiato, CFO da São Martinho.
“Temos satisfação em fazer essa terceira parceria com a São Martinho, desta vez para apoiar seus esforços de descarbonização e implementação de tecnologias inovadoras que promovem a sustentabilidade no setor agrícola”, afirma Manuel Reyes-Retana, Diretor Regional da IFC para América do Sul. “Este projeto não apenas contribuirá para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas também ajudará a estimular o desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo do setor agrícola, beneficiando comunidades locais e fortalecendo a resiliência climática do Brasil.”
Carbono renovável de menor custo – A São Martinho anunciou, em outubro de 2023, seu projeto de construção da primeira planta de biometano da emrpesa, destinada a produzir o combustível renovável capaz de substituir o gás natural fóssil. Desenvolvido através da biodigestão da vinhaça, um resíduo da fabricação de etanol, a planta processará 100% da vinhaça gerada na Unidade Santa Cruz e terá capacidade inicial de produzir cerca de 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra. Neste volume, ao substituir o consumo de gás natural fóssil, o uso do biometano da São Martinho tem o potencial de evitar a emissão de até 32 mil toneladas equivalentes de gases de efeito estufa.
A previsão é que o novo negócio tenha suas operações iniciadas a partir do segundo semestre de 2025 e faz parte de um plano diretor desenhado pela Companhia com o objetivo de explorar a totalidade de seu potencial de geração de biometano a partir da vinhaça, cujo primeiro passo, estreado na Unidade Santa Cruz, operacionalizará 20% desta ambição. Os 80% restantes estão sendo avaliados conforme as vantagens competitivas e particularidades de suas três demais unidades, São Martinho e Iracema, também no interior de SP, e Boa Vista, no interior de GO.
“A captação deste empréstimo junto à IFC suportará a implantação da fábrica de biometano da Santa Cruz, que marca a entrada da São Martinho no mercado de gás natural de origem renovável e reforça o nosso posicionamento em contribuir de forma efetiva para a transição energética rumo a uma economia de baixo carbono. O acesso a esse investimento evidencia o diferencial do projeto da Companhia na busca por produzir o carbono renovável de menor custo. Nossa planta estará conectada ao sistema de distribuição via gasoduto e será capaz de oferecer uma alternativa renovável a uma região com alto consumo de combustível fóssil”, acrescenta Fabio Venturelli, CEO da São Martinho.
O negócio possibilitará atendimento a clientes através da venda de biometano pressurizado ou injetado a partir de rede de distribuição de gás na região de Araraquara, nordeste do estado de São Paulo. Venturelli ainda destaca que a vinhaça biodigerida permanecerá sendo utilizada como adubo orgânico nos canaviais da unidade, como era feito antes com a vinhaça in natura, reforçando o processo de economia circular da São Martinho.
Novo modelo – Diferentemente de outros projetos anunciados, a Companhia irá operar em um modelo no qual é proprietária de 100% da molécula de biometano gerada, com autonomia de produção e comercialização. Dentre outros aspectos, isso proporciona independência para utilizar a molécula da melhor forma possível, como dar continuidade ao desenvolvimento de testes e pesquisas na direção de substituir a utilização do diesel em sua frota própria, principalmente em caminhões que requerem alta potência e torque quando submetidos às condições de uso da operação canavieira. Tais testes estão em andamento desde 2016 na São Martinho.
A Companhia ainda informa que para obter o novo financiamento junto à IFC (o terceiro investimento da IFC na São Martinho desde 2017) foi necessário apresentar um plano de ação, evidenciando algumas das práticas desenvolvidas pela Companhia no âmbito de Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos Ambientais e Sociais, Condições de Trabalho e Emprego, Eficiência de Recursos e Prevenção da Poluição, Saúde, Segurança e Proteção da Comunidade e Conservação da Biodiversidade e Gestão Sustentável dos Recursos Naturais Vivos.
O financiamento de US$ 165 milhões por meio da IFC para a nova planta de biometano soma-se aos outros financiamentos já anunciados, captados por meio de financiamento junto Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – no âmbito do programa BNDES Fundo Clima e do subprograma Energias Renováveis – e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) – do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).