Com aumento da Selic para este ano, acesso a créditos tradicionais se torna mais difíceis principalmente para o pequeno e médio agricultor.
O agricultor brasileiro começa o ano com boas notícias pelo menos em relação às safras, segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no seu terceiro prognóstico para a safra deste ano, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve somar 322,6 milhões de toneladas, com alta de 2,5% ante o segundo prognóstico (+7,8 milhões de toneladas) e crescimento de 10,2% frente a 2024 (+29,9 milhões de toneladas).
Mas com a perspectiva de aumento para a taxa Selic em 2025, o Boletim Focus manteve, na última semana de 2024, a estimativa de que a taxa básica de juros definida pelo Banco Central fique a 14,75%. Com isso, os produtores rurais enfrentam novos desafios na aquisição de máquinas pesadas. A alta nos juros encarece o crédito tradicional, dificultando a compra de equipamentos essenciais para o agronegócio, como tratores, colheitadeiras e implementos rodoviários.
Nesse cenário, o consórcio agrícola desponta como uma solução financeiramente vantajosa, permitindo aos produtores planejamento de médio a longo prazo, sem a incidência de juros elevados. Por meio do consórcio, é possível adquirir caminhões, máquinas agrícolas e outros equipamentos com condições atrativas, o que alivia o impacto financeiro e mantém o foco na expansão das atividades. Ainda mais para os pequenos e médios agricultores que possuem um capital de investimento mais reduzido.
Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, explica que de janeiro a dezembro de 2024, o número de participantes ativos foi superior a 864 mil consorciados, um aumento de 11% comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da ABAC – Associação Brasileira de Administradores de Consórcios.
“O maquinário agrícola representa um investimento significativo tanto para as empresas do setor quanto para os produtores rurais, o que torna o consórcio uma alternativa atraente para a aquisição dessas ferramentas. Embora existam opções de financiamento, os altos juros tornam-nas muitas vezes inviáveis. Já o consórcio se ajusta perfeitamente às necessidades do setor, conquistando uma crescente credibilidade. Por isso, cada vez mais, os consumidores, ao planejar suas compras, optam por essa modalidade como uma solução econômica para alcançar seus objetivos”, afirma o especialista.
Aceitação no mercado – Dados recentes indicam que as máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, lideram os pedidos de consórcios no Brasil, seguidas de caminhões e implementos rodoviários. Essa preferência reflete a necessidade crescente de modernização no campo para atender à demanda global por alimentos, mantendo a competitividade do agronegócio brasileiro. Só em 2023, ainda de acordo com os dados da ABAC, foram comercializados no país – mas não necessariamente contemplados – R$ 46,76 bilhões em créditos. O relatório referente ao ano de 2024 deve sair ainda no primeiro bimestre de 2025.
Perspectivas para 2025 – Especialistas do setor projetam um aumento significativo na adesão a consórcios para aquisição de veículos pesados e equipamentos agrícolas, impulsionado pela busca por alternativas que combinem eficiência financeira e planejamento estratégico. Lamounier enxerga uma grande oportunidade para os produtores, frente aos números positivos das safras para este ano.
“O consórcio, além de ser uma opção viável em tempos de incerteza econômica, reforça seu papel como aliado indispensável para a modernização do agronegócio e para o fortalecimento de um setor vital à economia brasileira”, finaliza o especialista.