O Brasil é considerado o maior exportador de alimentos do mundo. Diante de tamanho protagonismo, esse setor está entre os que mais crescem no país. Não à toa, de acordo com Ministério do Desenvolvimento, em 2023, o segmento registrou o melhor desempenho e maior capacidade instalada dos últimos 10 anos. Diante disso, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) estima investimentos de R$ 120 bilhões no segmento até 2026.
Olhando para o ano de 2024, podemos afirmar que a Indústria de alimentos teve um desempenho favorável com a abertura de novos negócios, lançamentos de produtos e que, consequentemente, favoreceram no maior faturamento. Ainda de acordo com a Abia, no primeiro semestre, o setor atingiu US$ 32,2 bilhões em exportação de alimentos industrializados, sendo este crescimento de 8,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Contudo, mesmo diante de um momento promissor, não podemos deixar de lado os desafios logísticos e operacionais que fazem parte do dia a dia do segmento, como, por exemplo, a redução de desperdício. Isso porque, muitas companhias possuem a dificuldade de localizar pontos de falhas e ter um controle da cadeia de distribuição e do chão de fábrica.
Devido à falta de visibilidade, é impossibilitada a assertividade na linha de produção. Isso porque, uma vez que as fábricas produzem de acordo com o planejamento de vendas, e esse plano não é pautado em dados precisos, acaba-se gerando desperdícios, desde a mão de obra, matéria-prima, equipamentos etc.
A boa notícia é que, atualmente, existem ferramentas que ajudam a suprir essa necessidade. No entanto, mesmo vivenciando dia após a dia a evolução digital, ainda assim, temos uma cultura de mercado em que baseia as vendas em sentimentos. Ou seja, ao invés de utilizar um sistema Data Driven, como exemplo, que ajuda a identificar o giro adequado e comercializar de acordo com dados e perfil da região, muitos ainda equilibram suas vendas com base em feeling (sentimento).
No entanto, como citado anteriormente, a Indústria de alimentos é um setor promissor para o país. Por sua vez, para que alavanque ainda mais, é essencial que os atuantes deste segmento busquem, cada vez mais, acompanhar a velocidade das mudanças do mercado. Quanto a isso, o uso da tecnologia ganha ainda mais notoriedade.
A tecnologia é uma forte aliada no combate ao desperdício, visto que ajuda a mostrar custos ocultos que corroboram com a ineficiência, localizar vazamentos de receitas, conectar informações de ponta, analisar a produtividade, entre tantos outros recursos. Por meio do seu uso, é possível estabelecer uma gestão com maior controle e transparência, contribuindo não apenas com o desempenho da empresa, mas também com o cumprimento de normas e diretrizes sustentáveis.
Com todas essas informações centralizadas, torna-se possível obter métricas, gerar análises de hábitos e comportamentos de clientes de acordo com região, o que ajuda para um direcionamento ainda mais eficaz. Mas, vale destacar que a tecnologia é um meio, não o resultado. Para que, de fato, sejam obtidos indicadores de melhoria, é essencial revisitar processos, estabelecer novos procedimentos, e estabelecer uma nova cultura organizacional.
Quanto a isso, ter o apoio de uma consultoria especializada no segmento é uma estratégia a ser considerada. Com um time de especialistas capacitados, é possível traçar o melhor caminho a ser seguido, identificar gargalos e seguir o caminho de oportunidades que favorecem o negócio.
Estamos diante de um novo ano e, ao que tudo indica, a Indústria de alimentos continuará crescendo. Diversos fatores irão ajudar a favorecer esse resultado, como a longevidade da população, que ajuda a gerar maior demanda e o desempenho do agronegócio, que fornece os insumos base para a indústria de alimentos. Por sua vez, quanto maior o nível de produção, maiores são as probabilidades de desperdícios.
Sendo assim, é crucial que o segmento busque atribuir o uso da tecnologia como um aliado estratégico e operacional, que favorece tomadas de decisão e monitoramento em tempo real. A partir dessas ações, poderemos ver um salto no desempenho do setor, que tem tudo para avançar ainda mais.
Alan Gomes é diretor de negócios da SPS Group Minas.