Carrefour e a crise da carne: escalada, embaixada e reciprocidade

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A (infeliz) manifestação do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, na última quarta-feira, de que a rede deixaria de comprar carne dos países membros do Mercosul, resultou numa resposta incisiva no Brasil. Os principais frigoríficos brasileiros anunciaram no final de semana que suspenderam o fornecimento de carne ao Carrefour Brasil.

Só A JBS, uma das integrantes do boicote reverso, fornece cerca de 80% da carne vendida pelo Carrefour no país. A direção brasileira do Carrefour confirmou a suspensão do fornecimento pelos frigoríficos, mas negou a princípio que haverá desabastecimento. A medida dos fornecedores atinge 150 lojas da rede no Brasil.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, já havia se manifestado contra a postura do CEO francês. “O Mapa lamenta tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações”, afirmou Fávaro.

Para o ministro, a decisão dos frigoríficos de boicotar a rede no país merece comemoração. Ele afirmou que se sente feliz com a iniciativa dos frigoríficos. Nesta segunda-feira, a informação era de que o embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, solicitou uma reunião, ainda hoje, com o ministro Carlos Fávaro. O assunto seria o agravamento da crise provocada pelo por Alexandre Bompard e o objetivo, reverter o escalada de seus desdobramentos.

A reação brasileira chegou ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou hoje que irá pautar medidas de reciprocidade econômica contra França, em razão da manifestação do Carrefour, pediu retratação formal por parte do CEO. “Nos incomoda muito o protecionismo europeu, principalmente da França, contra o Brasil”, justificou Lira durante evento “Global Voices”, realizado em São Paulo.

Arthur Lira afirmou também que vai discutir, nesta terça-feira, com líderes dos partidos o envio ao plenário do projeto de lei 1.406/2024. O texto exige que o governo brasileiro só firme acordos comerciais com países que tenham implementado legislações ambientais semelhantes às brasileiras.

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