O processo de captura e armazenamento de carbono (CCS na sigla em inglês) a partir da produção de etanol é o mais eficiente que existe, por se tratar da remoção de CO2 que seria lançado na atmosfera. A explicação vem da especialista no tema e consultora americana em energia Sallie E. Greenberg, Ph.D. com mais de 25 anos de experiência em gestão de carbono.
Greenberg estará em São Paulo (SP) como palestrante do Carbonless Summit, marcado para os dias 04 e 05 de novembro. Com a participação de especialistas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e Arábia Saudita, o encontro vai examinar temas como a utilização de tecnologias para viabilizar o armazenamento de carbono e, com isso, aumentar ainda mais a redução de emissões atingida pelo uso do etanol e gerar novas receitas para usinas que produzem etanol.
“O CCS no etanol impede a entrada na atmosfera de carbono que, de outra forma, seria emitido”, assinala a especialista. “O CO2 gerado na produção de etanol é ainda o mais indicado para armazenamento porque se trata do mais puro, com elevada concentração de carbono com um pouco de água. Isso o torna facilmente capturável e desidratado quando a água é removida”, acrescenta.
O Brasil tem potencial de captura de carbono em torno de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, considerando o nível atual de atividade econômica do país. Neste sentido, o mercado brasileiro de captura e armazenamento de carbono no solo tem perspectiva de movimentar entre R$ 14 bilhões e R$ 20 bilhões anuais, com participação significativa do setor de etanol, indicam estimativas da CCS Brasil, uma das entidades organizadora do Carbonless Summit junto com a empresa Hidroplan. Já o mercado mundial de CCS deve movimentar US$ 3,54 bilhões em 2024, com estimativa de atingir US$ 14,51 bilhões em 2032.
O Carbonless Summit – O evento vai examinar temas como a utilização de tecnologias amadurecidas pelo setor de petróleo para viabilizar o armazenamento de carbono e com isso, aumentar ainda mais a redução de emissões atingida pelo uso do etanol. Os mesmos equipamentos que injetam carbono para auxiliar o bombeamento do petróleo agora estão prontos para aprimorar a sustentabilidade do biocombustível.
O etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil já reduz em até 90% as emissões de gases que contribuem para as mudanças climáticas. A captura e o armazenamento do CO2 gerado durante o processo de produção do biocombustível faz com que essa pegada de carbono seja ainda menor, chegando a ser negativa.
“Neste sentido, a sanção do Combustível do Futuro chega para estabelecer o marco-regulatório de CCS no país, determinando as diretrizes gerais para a atividade. A nova lei vai dar o arranque definitivo do tema no Brasil, destravando projetos já engatilhados, que avançam agora para a fase de real implantação”, destaca a diretora da CCS Brasil, Isabella Morbach, que participou das discussões técnicas para elaboração da legislação.
“As mais de 360 usinas que produzem etanol no Brasil têm a oportunidade de fazer do país o líder global nesse mercado, abrindo as portas para o acesso aos créditos de carbono e criando mais uma fonte de receita para as usinas”, explica o geólogo Everton Oliveira, presidente da Hidroplan.
A atividade de CCS no setor de etanol pode resultar em ganhos financeiros para as usinas tanto por meio da geração e comercialização de créditos de carbono como também pela certificação do biocombustível como “zero emissor” ou “emissor negativo”. Isso permite que o etanol seja monetizado com ágio em mercados que valorizam este atributo.
Serviço:
- Carbonless Summit
- Dias 04 e 05 de novembro de 2024
- Auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP)
- Avenida Angélica, 2364 – São Paulo, SP
- Detalhes e inscrições: https://carbonless.org.br/