A TMG – Tropical Melhoramento e Genética é, por essência e excelência, uma empresa de tecnologia. Com sede em Cambé, na Região Metropolitana de Londrina, no Norte do Paraná, foi fundada em 2001 por um grupo de pesquisadores, multiplicadores de sementes e produtores de soja, milho e algodão do Mato Grosso. Hoje a empresa mantém laboratórios de alta tecnologia e uma ampla estrutura de casas de vegetação para manipulação de plantas, em sua matriz, às margens da PR-445, a poucos quilômetros da sede da Embrapa Soja.
A história da TMG, mesmo relativamente recente, é marcada por resultados. A participação no mercado de sementes de soja está em cerca de 20% e de algodão, já se aproxima dos 50%. São mais de 40 projetos de desenvolvimento de novos produtos em andamento. A empresa tem hoje 527 funcionários, dos quais 351 lotados na área de Pesquisa & Desenvolvimento. “Tudo que a empresa ganha reinveste em P&D”, resume o presidente da companhia, Francisco Soares (foto abaixo). A empresa recebeu recentemente um grupo de jornalistas que atuam no agronegócio, vindo de várias regiões do país, para mostrar sua estrutura e o trabalho que realizam em melhoramento de sementes.
Soares explicou que a TMG tem hoje um endividamento zero. O faturamento atual está estimado em R$ 450 milhões. O planejamento da empresa é investir R$ 2 bilhões até 2031, com um faturamento de R$ 5 bilhões nesse período. Os investimentos previstos pela companhia já estão sendo realizados e podem ser observados nos laboratórios e estruturas da TMG.
Distribuição – O negócio da TMG, reforça Soares, é tecnologia. A empresa desenvolve e licencia tecnologias e tem um grupo com cerca de 100 parceiros, entre sementeiras, cooperativas e outras empresas, que fazem a multiplicação dessas tecnologias. A companhia conta também com três grandes parceiros fornecedores de tecnologias, a Corteva, a Bayer e a Basf. As sementes que recebem alterações conduzidas pela TMG são multiplicadas e colocadas no mercado pelos licenciados.
Na cadeia de negócios da empresa, as revendas de insumos agrícolas têm um papel importante. Porque são elas que levam a semente até o produtor rural. “Se eu não fizer um bom trabalho junto à distribuição e também aos produtores, não consigo completar essa cadeia”, diz Soares. A empresa tem duas equipes comerciais distintas, uma para atender os multiplicadores e outra para trabalhar com as revendas e os produtores. A divulgação posiciona os produtos no mercado. Isso inclui a realização dos campos de experimentos, em que as variedades são colocadas lado a lado. “É isso que que faz com que o produtor conheça o nosso material e vá no licenciado ou na revenda buscar.”
As revendas têm participação relevante, ressalta Souza. “Elas fazem parte do centro da cadeia”, diz. Como os multiplicadores licenciados, de forma geral, têm equipes comerciais reduzidas, eles usam as revendas para fazer essa distribuição, colocando as sementes no consumidor final, que é o produtor. As empresas de distribuição são mais ramificadas, conseguindo atingir os produtores que o multiplicador não conseguiria com sua equipe. “Hoje, mais de 50% das sementes produzidas no Brasil por licenciados multiplicadores são vendidos pelas revendas”, estima o presidente da TMG.
O gerente de Marketing da TMG, Ricardo Franconere, explica que entre as empresas licenciadas figuram grandes players do setor. Na região de Londrina, por exemplo, são parceiras a Belagrícola, Agro100 e a cooperativa Integrada. No Noroeste do Paraná, a Coamo, maior agrocooperativa da América Latina, é outra multiplicadora das sementes da TMG. Há outras parcerias pelo país, como as sementeiras Roos, Estrela e Costa Beber, do Rio Grande do Sul, Boa Safra, em Goiás, e outras cooperativas, como a Coopercampos, em Santa Catarina.
Franconere acrescenta que só este ano a TMG já lançou 14 materiais de soja. O foco da empresa agora é dar visibilidade para esses produtos. “Estamos com um trabalho de geração de demanda bastante intenso nas diferentes regiões do país”, reforça.
Rastreabilidade, drones e robôs – Entre os investimentos feitos pela empresa estão as chamadas RFID (“Radio Frequency Identification”). São etiquetas de rastreabilidade equipadas com chips que identificam, rastreiam e armazenam dados. Hoje é possível identificar parcelas de cultivares com mais precisão e agilidade, além da redução de ciclos de análises de resultados. “Isso contribui para que o time de Pesquisadores tenha os dados que precisa mais rapidamente e tome decisões sobre quais amostras devem seguir para as próximas fases”, explica o coordenador de Pesquisa da TMG, André Faria.
A adoção das etiquetas, de acordo com Faria, possibilitou agilidade no manuseio de milhares de parcelas plantadas no último ano, algo que seria impraticável sem o uso da ferramenta.
Além dos recursos de rastreabilidade, a TMG está incorporando também o uso de drones em suas atividades. O equipamento permite por meio de processamento de imagens a identificação de características (fenômica) nas fases dos programas de melhoramento. O gerente de Pesquisa da empresa, Rafael Zeni, afirma que o uso dos drones contribui para a melhor assertividade nos processos de avanço e caracterização de novas linhagens.
“Os drones auxiliam também nas operações de pulverização dos experimentos com precisão georreferenciada, sem provocar a compactação do solo. O que permite o melhor desenvolvimento das plantas e ainda reduz a exposição humana a produtos como inseticidas, fungicidas e herbicidas”, acrescenta.
Zeni diz ainda que a TMG está investindo também em testes com robôs autônomos capazes de registrar e apontar características importantes para os estudos de fenômica. “Esses robôs irão acompanhar o crescimento das plantas no campo, o que deve ampliar ainda mais a agilidade na coleta e processamento de imagens e dados importantes para a tomada de decisão no melhoramento genético”, destaca.
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