Fórum da Região Sul debate ética e liderança em Foz do Iguaçu (PR)

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“A vida é vivida no mundo, mas, às vezes, essa obviedade nos escapa. O que atrapalha a vida é a relação que temos com o mundo. Na filosofia, o mundo é o todo e somos parte do todo”. Com essa afirmação, o filósofo Clóvis de Barros Filho iniciou sua palestra com o tema Protagonismo e Coragem, nesta sexta-feira (01/11), no Fórum da Região Sul, realizado no Hotel Recanto Cataratas, em Foz do Iguaçu, com 300 participantes. O evento, promovido pelo Sistema Ocepar, em parceria com os Sistemas Ocergs e Ocesc, com apoio do Sistema OCB, foi iniciado na quinta-feira (31/10) e encerrado na manhã desta sexta-feira.

Durante uma hora, Clóvis promoveu reflexões sobre as decisões que tomamos na vida, seja no aspecto profissional ou pessoal, e como isso nos define como seres que fazem parte do universo. Nesse contexto, destacou que é necessário coragem para assumir os riscos sobre as nossas decisões, pois sempre elas representam que teremos que abrir mão de algo em detrimento de outra coisa, e enfrentar os nossos medos.

“Corajoso é o indivíduo que cogita sobre coisas desagradáveis que podem ocorrer, mas não se deixa paralisar”, disse. “Protagonista é aquele que, ante às possibilidades negativas cogitadas, tem condições emocionais suficientes para decidir e assumir os riscos”, acrescentou. Além disso, ressaltou a importância de nos responsabilizarmos sobre as nossas escolhas.

Ele afirmou que o modelo cooperativista é uma forma de organização que possibilita a participação dos cooperados no processo decisório da cooperativa. “A sua horizontalidade permite várias coisas. A primeira é que podemos dar o nosso parecer e somos ouvidos genuinamente. Fica evidente o seu empoderamento para participar das decisões”, acrescentou.

Clóvis de Barros Filho é jornalista, professor de ética, doutor e livre-docente pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), palestrante há mais de dez anos no mundo corporativo e consultor. Ele publicou diversos livros, de autoria própria ou em parceria com outros profissionais, como “Projeto de Vida: Caminhos para uma vida que valha a pena”; “Filosofia ao pé do ouvido: Felicidade, ética, amizade e outros temas”, “Os doze trabalhos de Hércules”; “Reinventar-se: uma necessidade, uma impossibilidade”, “Deuses para Clarice”; “A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade”, “Corrupção: Parceria Degenerativa” e “O Executivo e o Martelo”, entre tantas outras obras.

Especialistas no impossível – A segunda palestra que fechou o Fórum foi apresentada por Léo Farah, com o tema “Especialistas do Impossível”. Mestre em Engenharia Geotécnica, com especialização em Gestão de Desastres no Brasil, Chile e Japão, pela Unesco, e em Redução de Riscos, pela ONU, Farah é capitão da reserva do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, onde trabalhou por 19 anos.

Ele atuou no resgate de vítimas nos desastres da barragem de Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, e nos deslizamentos ocorridos em Petrópolis, em 2022, e em São Sebastião, em 2023, além de missões internacionais em Moçambique, em 2019, no Haiti, em 2021, e na Turquia, em 2023. Em 2019, lançou o livro “Além da Lama”, no qual relata experiência da equipe de bombeiros nesse tipo de desastre.

Em sua explanação, Farah contou um pouco sobre os resgastes que participou, enfatizando a importância dos nossos atos quando trabalhamos em equipe e o papel dos líderes. De acordo com ele, o que cada um faz impacta em todo o trabalho realizado em equipe e, independente da sua atribuição, é importante cumprir bem a missão. “Muitas vezes, você vai fazer coisas que não vai gostar. Mesmo assim, faça o seu melhor. Para que você faça a grande missão bem-feita, você terá que fazer as pequenas bem-feitas também”, disse.

Sobre a liderança, afirmou que não existe líder sem time e não existe um bom time sem um bom líder. “E o bom líder é aquele que toma suas decisões em benefício do time e da missão. Já um mau líder decide em benefício próprio, pensando somente nele”, ressaltou. Ainda de acordo com ele, é preciso construir uma relação de confiança para que o trabalho em equipe evolua e traga bons resultados. E, muitas vezes, essa confiança se estabelece em momentos de pressão. “É na dificuldade que os bons times são revelados”, acrescentou. “Faça o que é certo todos os dias, mesmo que seus planos deem errado. Se todos fizerem o certo, todos ganham.  Você só será importante na equipe se estiver pensando no seu time e na missão”, complementou.

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