24 de setembro de 2024

Para Multiplike, AgroGalaxy não contamina o crédito agro

“O setor agropecuário brasileiro é altamente pulverizado, o que limita a possibilidade de uma crise financeira se espalhar”, diz Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.

 

O pedido de recuperação judicial da AgroGalaxy (AGXY3), uma das maiores redes de insumos agrícolas do Brasil, não deverá causar contaminação generalizada no crédito agro, segundo a Multiplike, empresa especializada em crédito para médias e grandes empresas. “A recuperação judicial, anunciada no dia 18, revelou um passivo de R$ 3,7 bilhões, além de US$ 160 milhões em dívidas com credores diversos, incluindo instituições financeiras, fornecedores e produtores rurais”, explica o CEO Volnei Eyng (foto acima).

O executivo destacou que, apesar da situação crítica da AgroGalaxy, o setor agropecuário brasileiro é altamente pulverizado, com uma vasta rede de distribuidores regionais e municipais de defensivos agrícolas. Isso, segundo a empresa, “limita a possibilidade de uma crise financeira se espalhar por toda a cadeia do agronegócio, diferentemente do que ocorreu no setor de varejo após a crise das Lojas Americanas, que tinha um mercado mais concentrado”, afirma.

Eyng elenca que a crise da AgroGalaxy se aprofundou devido a uma combinação de fatores, como a queda drástica nos preços das commodities, condições climáticas adversas e restrições no acesso ao crédito, o que impactou diretamente sua liquidez. “Entre os principais credores da empresa, está a Vert Companhia Securitizadora, que estruturou Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) da AgroGalaxy (AGXY3), no valor de R$ 516,4 milhões. Com a crise de liquidez, houve o vencimento antecipado desses CRAs, intensificando a pressão financeira sobre a empresa”, aponta.

Outros credores incluem instituições como o Banco do Brasil (R$ 391,2 milhões), Santander (R$ 278,4 milhões) e Citibank (R$ 106,8 milhões). Além das dívidas com instituições financeiras, a AgroGalaxy (AGXY3) tem obrigações com fornecedores do setor agrícola, como a FMC (R$ 163,6 milhões), a Opea Securitizadora (R$ 148,8 milhões) e a Albaugh Agro Brasil (R$ 139,4 milhões).

“No dia 19, a AgroGalaxy obteve uma liminar da 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, concedida pela juíza Alessandra Gontijo do Amaral, suspendendo execuções de dívidas e rescisões contratuais, além de bloquear cláusulas de vencimento antecipado. A decisão garante à empresa 45 dias para elaborar um plano de recuperação e iniciar negociações com seus credores.

Neste caso, algumas gestoras se destacam por sua expertise profunda no setor, compreendendo toda a complexidade e especificidades da cadeia produtiva agropecuária. Esse conhecimento especializado permite que a empresa ofereça soluções de crédito customizadas, atendendo às necessidades de indústrias e distribuidoras de insumos agrícolas, assim como intermediadoras e trades que comercializam diretamente com produtores rurais. “Com uma visão abrangente dos ciclos de produção e comercialização, conseguimos fornecer o suporte financeiro necessário para garantir o fluxo contínuo de insumos e recursos, fortalecendo a estrutura do agro mesmo em momentos de adversidade no mercado.”

Ao atenderem toda a cadeia produtiva, desde grandes indústrias até pequenos produtores, essas instituições criam um ecossistema de crédito robusto, essencial para sustentar o crescimento e a inovação no campo, contribuindo para a resiliência e expansão do agronegócio no Brasil. Entre as medidas determinadas, está a proibição de que bancos, como Banco do Brasil, Santander, Banco ABC e Citibank, detenham cerca de R$ 205 milhões em recebíveis da AgroGalaxy. “Esses valores deverão ser transferidos para contas de livre movimentação da empresa, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento”, destaca.

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