Mesmo com queda no desmatamento de florestas públicas não destinadas, fogo aumenta e solução pode ser encontrada no reflorestamento.
A prática de grilagem em florestas públicas não destinadas no Brasil pode resultar na emissão de até 8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), caso o esgotamento dessas áreas continue. O volume é equivalente a um ano inteiro de emissões globais de gases de efeito estufa. A estimativa é de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), que alerta para os impactos ambientais dessa prática ilegal, que envolve o uso de registros falsificados para apropriação de terras públicas.
As florestas públicas não destinadas são territórios sob domínio do Governo Federal, que ainda não receberam uma destinação específica. Elas somam 56,5 milhões de hectares na Amazônia, e continuam vulneráveis à grilagem, apesar da queda no desmatamento em 2024, que foi de 109.411 hectares, com uma redução de 20% em relação ao ano anterior. Porém, o aumento das queimadas em áreas afetadas pela grilagem continua a ser um problema. Em 2024, os incêndios nessas regiões aumentaram 64% em comparação com 2023.
Especialistas apontam que a relação entre o desmatamento e aumento das queimadas ocorre porque ele afeta o ciclo hidrológico, reduzindo a quantidade de água liberada pelas árvores para a atmosfera, diminuindo as chuvas. Com menos chuva na região desmatada, a ocorrência de incêndios se torna mais provável. Quando as árvores morrem ou são queimadas, o carbono armazenado na vegetação é liberado. O processo aumenta a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, o que contribui para o aquecimento global.
Reflorestamento pode ser uma solução – Uma alternativa para mitigar as emissões de CO2 e conter a degradação das florestas é o reflorestamento comercial. Conforme explica Higino Aquino, fundador e CEO do Instituto Brasileiro de Florestas, o plantio de árvores em áreas degradadas, com o objetivo de produção controlada, pode ajudar a promover a captura de carbono. “Esse tipo de reflorestamento contribui para a redução de gases de efeito estufa, além de evitar o desmatamento de áreas nativas”, destaca.
O Brasil pode alcançar suas metas de redução de emissões por meio de ações como o reflorestamento. O setor de florestas plantadas já desempenha um papel importante na diminuição das emissões de CO2 e é parte do Plano ABC Mais, do Ministério da Agricultura e Pecuária. Este plano visa promover uma agricultura de baixo carbono e ajudar o Brasil a atingir a meta de reduzir em 43% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, em comparação com os níveis de 2005.