Especialistas defendem integração entre conservação ambiental, drenagem adequada e manutenção pública para reduzir prejuízos ao agro e às comunidades.
Com a chegada das chuvas mais fortes, estradas rurais voltam a ser um ponto de preocupação para produtores e comunidades. O Brasil conta com 2,2 milhões de quilômetros de vias rurais, em grande parte não pavimentadas, e muitas delas já apresentam condições precárias. Nos meses de maior precipitação, a erosividade elevada, o acúmulo de sedimentos e o assoreamento de drenagens agravam o desgaste de pontes, bueiros e da própria pista, gerando prejuízos logísticos, dificuldades de acesso e riscos à segurança.
Pesquisas da Embrapa destacam que a degradação das margens e a remoção da vegetação nativa aceleram a velocidade das enxurradas, aumentando cortes de pista e alagamentos. As matas ciliares, quando preservadas, funcionam como barreiras naturais: reduzem a velocidade do escoamento superficial, favorecem a infiltração da água no solo e diminuem a carga de sedimentos que chega aos córregos. Esses fatores, combinados, reduzem danos a estruturas e mantêm a trafegabilidade das vicinais.
A Associação Ambientalista Copaíba, atuante desde 1999 nas bacias de Socorro (SP) e regiões vizinhas, comprova esses efeitos no campo. Projetos de restauração apoiados pela entidade somam centenas de hectares recuperados. A coordenadora Ana Paula Balderi relata que áreas reflorestadas passam a proteger o solo em poucos anos, servindo como barreira contra enxurradas. Com isso, diminui a erosão e melhora a estabilidade das estradas rurais próximas.
Especialistas e relatórios técnicos convergem em um conjunto de ações essenciais para enfrentar o problema: manter ou recuperar faixas de vegetação nativa, planejar drenagens considerando maior volume de chuvas, evitar desmatamento e compactação do solo próximos às vias e integrar programas municipais de manutenção com projetos de restauração florestal nas bacias hidrográficas.
A experiência mostra que, quando proprietários rurais, prefeituras e organizações ambientais atuam em conjunto, os benefícios são amplos: menor custo de manutenção, redução de interrupções e mais segurança para transporte de pessoas e produtos. Para a Copaíba, preservar margens e recuperar matas ciliares não é apenas uma pauta ambiental — é um investimento direto na proteção das estradas, das safras e da vida no campo.


