Paulo Skaf, presidente da Federação, defende liberação de linha de crédito para folha de pagamentos para empresas de todos os portes.
Os efeitos do novo coronavírus no agronegócio foram o tema principal da reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) desta segunda-feira (6/4). O encontro, realizado por videoconferência, do qual participaram cerca de 250 pessoas, contou com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, abriu a reunião lembrando aos conselheiros que começa a valer hoje a linha de crédito aberta pelo governo para financiar a folha de pagamento de empresas que faturam entre R﹩ 360 mil e R﹩ 10 milhões por ano. “Nós já pedimos ao ministro da economia para que essa linha de financiamento se estenda a todas empresas”, disse Skaf. “Os bancos assumiram compromisso comigo de que já vão fazer esse repasse com recursos próprios antes mesmo do repasse do BNDES. Quem assumiu 85% desse risco foi o Tesouro Nacional, por essa razão haverá crédito sim.”
Tereza Cristina começou discorrendo sobre a necessidade de união e diálogo neste momento difícil e destacou que praticamente todas as medidas emergenciais já foram e tomadas para garantir o abastecimento de alimentos para a população. “Agora é preciso agir pontualmente. Isso é possível com todos os cuidados e profissionalismo que a agroindústria brasileira vem tendo com protocolos e cuidado de seus funcionários”, disse a ministra. “O agronegócio é importantíssimo porque a alimentação faz parte da saúde.”
Segundo a ministra, desde janeiro, quando o Ministério percebeu a gravidade da situação na China, foi montado um comitê de acompanhamento dos problemas externos e que poderiam surgir também no mercado interno. “Isso nos permitiu tomar algumas atitudes rápidas para que não houvesse interrupção do abastecimento, como a MP que o presidente baixou sobre os serviços essenciais”, explicou. A questão do etanol, que vem sofrendo com a queda da demanda interna e problemas de disputa entre a Arábia Saudita e Rússia, também foi abordada pela ministra Teresa Cristina. Ela disse estar conversando com agentes do governo para viabilizar soluções para o setor sucroenergético. “Vocês são grandes empregadores. Acho que teremos rapidamente uma decisão sobre o que o governo vai fazer para diminuir as dificuldades que o setor passa, neste momento que a colheita começou”, disse.
A ministra também falou de outras cadeias produtivas. No caso da soja e do milho, a alta do dólar beneficia as exportações, mas encarece os insumos. Os hortifrúti, bem como a carne, estão sendo muito impactados porque há muita oferta. “O Ministério da Agricultura vem estudando todas essas cadeias produtivas para que a gente saiba onde atuar neste momento. Não tenho dúvidas de que teremos prejuízos, mas o setor agropecuário não será o mais afetado, como está sendo o comércio, turismo”, disse.
O Ministério da Agricultura está trabalhando também para postergar dívidas dos agricultores por 90 dias. “Estamos adiando as dívidas agrícolas do plano safra, crédito rural. O Ministério está finalizando isso nesta segunda-feira. Todos estão reclamando de liquidez, de capital de giro”, contou.


