21 de fevereiro de 2013

Quinto maior exportador, Rondônia investe mais na qualidade de carne bovina

Animais do rebanho da Agropecuária Nova Vida. Foto: Divulgação.

As exportações brasileiras de carne bovina renderam exatos US$ 5.771.377, com a comercialização de 1,244 milhão de toneladas no ano passado. Com um rebanho superior a 12 milhões de cabeças, entre bovinos e bubalinos, Rondônia ocupa a quinta posição no ranking nacional, ficando atrás do Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso e São Paulo. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), o Estado exportou 92 mil toneladas de carne bovina, crescendo 84%  em comparação ao ano anterior, quando 49.949 toneladas foram destinadas ao mercado externo. O faturamento saltou quase na mesma proporção, saindo de US$ 211.695 milhões para US$ 384.420 milhões.

Na visão do economista e pecuarista João Arantes Neto, um dos proprietários da Agropecuária Nova Vida, sediada em Ariquemes (RO), a atividades deu um salto importante na última década, principalmente, em relação ao melhoramento genético do gado e à mudança de comportamento do produtor rural, que passa a investir mais em sanidade, nutrição, melhoramento genético e outras tecnologias. “Antes, Rondônia enfrentava problemas sanitários como as clostridioses e a raiva bovina, e os animais eram muito tardios e com baixo rendimento de carcaça. Isso se explica pelo fato de ser um Estado com abertura recente para a pecuária, a qual hoje se tornou uma de suas principais atividades econômicas, assim como vem ocorrendo com a agricultura”, explica.

Apesar da ascensão, o caminho a ser percorrido parece ser um pouco longo. Rondônia conta com poucos fornecedores de genética bovina qualificada, fator que pode limitar o processo de evolução da atividade pecuária. Mesmo havendo predominância de pequenos e médios pecuaristas, a oferta de animais “melhorados” ainda é restrita, atendendo apenas a uma pequena parcela da demanda.

João Arantes Neto diz que sua propriedade é pioneira na implantação do melhoramento genético em Rondônia e líder na comercialização de touros avaliados, com um plantel equiparável às melhores fazendas brasileiras. Desde 1997 comercializa cerca de 2.000 touros por ano, volume que, segundo ele, parece ser impressionante, mas que apenas “arranha” o potencial do mercado. “Esse cenário, aos poucos, vêm mudando, com o surgimento de fazendas apostando na formação de planteis puros e na seleção genética”, explica.

Mesmo com essa carência genética, é fato que a qualidade do rebanho rondoniense evoluiu nos últimos anos.  Rogério Couto Lima, gerente de compra de gado do JBS, em Vilhena (RO), grupo com maior presença no Estado, enxerga essa melhora, com base nos abates realizados. “Era comum abatermos uma vacada tardia, de nove ou dez anos. Hoje, já recebemos lotes mais precoces, de dois ou três anos, e uma vacada de até cinco anos, que foi descartada por questões de fertilidade”, afirma. O JBS conta com plantas em Ariquemes, Vilhena, Porto Velho, São Miguel do Guaporé e Pimenta Bueno, respondendo por aproximadamente 4.000 abates/dia.

Pecuária rondoniense
Rondônia faz fronteira com os estados do Amazonas, Mato Grosso, Acre e também com a Bolívia. Sua população possui em torno de 1.562.409 habitantes, distribuídos em 52 municípios. Tem no agronegócio a principal fonte de renda, com destaque à pecuária, na qual predomina o gado de corte, que representa 70% do total efetivo.

Tornou-se exportador de carne bovina em 2003, quando conquistou status de área livre de febre aftosa com vacinação e é apontado como terra de grandes oportunidades no agronegócio, pela qualidade do solo, custos de produção mais competitivos, logística e clima diferenciado, pelo curto período de seca. Seus produtos são competitivos e a remuneração pela carne tornou-se mais equilibrada, quase não havendo diferenciação às demais praças.

Segundo apuração da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), baseada em campanhas oficiais de vacinação contra febre aftosa entre os anos de 2007 e 2011, o crescimento da atividade em efetivo praticamente manteve-se estável no período. O número de propriedades rurais com bovídeos saltou de 82.104 para 82.700, enquanto o rebanho efetivo cresceu de 11.012.911 para apenas 12.074.363. “Houve recuo no volume de propriedades, tendência não obervada em 2011 e 2012, que apresentaram discreto aumento, em relação aos anos anteriores”, explica Augusto Fernandes Neto, diretor executivo da entidade.

O levantamento aponta também a vocação de Rondônia para a produção em minilatifúndios, onde predominam pequenos rebanhos. Cerca de 2/3 das propriedades com bovídeos concentram 100 reses cada e, em cada dez rebanhos, nove apresentam 300 cabeças ou menos. Oitenta por cento das propriedades são constituídas por terras inferiores a 100 hectares. “Ressalto que esses não são dados estatísticos oficias. Foram calculados por meio de declarações feitas pelos próprios produtores em relação às campanhas de vacinação”, esclarece Fernandes Neto.

Somente no ano passado 1.804.768 abates ocorreram nas 16 plantas ativas homologadas pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) e 65.323 em estabelecimentos com SIE (Serviço de Inspeção Estadual). “No total, são 11 frigoríficos exportadores”, afirma Tony Tenório, fiscal do Idaron, ressaltando que os abates nos frigoríficos com SIF são aproximados, baseados no número de GTAs (Guia de Trânsito Animal) emitidas.

Fonte: Pec Press – Imprensa Agropecuária

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