Diferentes tecnologias têm sido criadas e aplicadas no campo com o objetivo de melhorar a eficiência da atividade pecuária e atender critérios ESG. Mas não basta que os setores e empresas definam políticas ou compromissos socioambientais rigorosos, é preciso realizar um monitoramento confiável e seguro sobre a origem e a rastreabilidade temporal dos territórios para reportar dados verificáveis a fim de garantir um futuro mais sustentável para toda a pecuária.
Entender o status ESG de um imóvel rural que deseja, por exemplo, comercializar sua produção bovina é essencial, bem como verificar seu passado para antecipar riscos e obter transparência no processo produtivo, atendendo ao mercado comprador. As imagens de satélite podem falar muito sobre territórios, mas é necessário conhecimento, aliado à tecnologia para extrair informações úteis e confiáveis para o setor.
Nesse processo a coleta e o cruzamento de dados têm um papel importante relacionado à geração de análises. No entanto, usar imagens de satélite para monitorar áreas e comportamentos dos produtores é um grande diferencial, pois viabiliza o acesso de históricos e a comprovação de critérios socioambientais em diferentes níveis, estejam eles ligados às propriedades rurais, às características das culturas agrícolas, das áreas de pastejo ou dos parceiros e fornecedores, que podem ser diretos e indiretos.
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e apesar da pecuária de ter evoluído no tema sustentabilidade ainda possui desafios ligados à rastreabilidade do boi – em quais imóveis rurais o animal foi criado e transitou – é possível destacar que as imagens de satélite e as geotecnologias auxiliam o entendimento da situação atual e do passado desses imóveis, além de antecipar riscos futuros, ajudando na tomada de decisão para reduzir o impacto ambiental das operações.
As análises feitas com base nas imagens de satélite possibilitam a extração de dados objetivos sobre a área plantada, antecipam tendências de mercado, monitoram mudanças no uso de terra e muito mais. Ou seja, esse modelo de monitoramento viabiliza a criação de estratégias de gestão alinhadas às melhores práticas ESG.
Importante lembrar que podemos combinar ferramentas, como aquelas baseadas em inteligência artificial (IA), para acessar mais insights. No entanto, para que a IA entregue bons resultados, é necessário ter dados referenciais de qualidade que treinem os modelos de aprendizagem. Quando falamos em IA é preciso combinar a tríade: conhecimento técnico do fenômeno estudado, base de dados de qualidade e tecnologia de ponta.
Além disso, a adoção de tecnologias ligadas à proteção do meio ambiente tem sido fomentada por todo o mercado, inclusive para o acesso às linhas de crédito, como mostram as novas regras de autorregulação estabelecidas pelos bancos e o próprio plano Safra (2023/24), que terá taxas menores para aqueles que buscam as melhores práticas sustentáveis.
A demanda por todas essas soluções, que podem atuar em conjunto, mostra um forte movimento para cultivar uma atuação mais harmônica entre a produção pecuária e o meio ambiente, garantindo ao país a manutenção das boas relações internacionais e, sendo assim, o sucesso dos negócios de exportação perante o mercado.
Joel Risso é diretor de novos negócios da Serasa Experian
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