As enfermidades que acometem o sistema respiratório dos cavalos impactam seu desempenho tanto quanto as afecções do sistema locomotor
O sistema respiratório dos equinos pode ser acometido por uma gama de doenças, cujas causas são diversas, tais quais esforço físico de alta intensidade, processos alérgicos e inflamatórios, ou agentes infecciosos como vírus e bactérias. Junto com as afecções do sistema musculoesquelético, elas impactam de maneira negativa o desempenho dos animais, seja no esporte ou nas atividades de lida.
Dentre todas as doenças do sistema respiratório dos cavalos, o Garrotilho (também conhecido como Adenite Equina) tem grande importância, pois se espalha rapidamente e com facilidade entre os animais, afetando especialmente os mais jovens ou com sistema imunológico enfraquecido.
“Garrotilho é considerado uma doença de rebanho, muito fácil de se espalhar durante as aglomerações de animais, e tem uma maior incidência nas épocas frias do ano. Além do contágio direto pelo contato de um animal infectado com um animal sadio, os utensílios, pastagens, bebedouros e estábulos compartilhados podem atuar como fômites neste processo”, esclarece Pollyana Braga, médica-veterinária gerente da linha de equinos da Ceva Saúde Animal.
A bactéria causadora da doença, Streptococcus equi subsp. equi, se instala nas células da mucosa nasal, oral e nasofaríngea dos equinos. As primeiras manifestações clínicas são típicas de processos infecciosos como febre, apatia e falta de apetite. Com a progressão da infecção, elas migram para o tecido linfático regional, ocasionando a característica mais comum da doença: abscessos nos linfonodos da região do pescoço. Cerca de 14 dias após a aparição dos abscessos, ocorre a ruptura e liberação de secreção purulenta repleta de novas bactérias para a faringe e bolsa gutural, que serão disseminadas pelo animal através de secreção nasal ou tosse, ou liberadas para o próprio ambiente pela ruptura externa dos abscessos.
“Somado a todos estes incômodos, os linfonodos aumentados dificultam a passagem de ar pela faringe do animal, interferindo muito na sua performance. E, pelas características da doença, é comum que ocorram surtos, ou seja, vários casos em sequência e muito rapidamente na mesma propriedade”, Pollyana explica. “Além disso, estima-se que uma parcela dos animais que não apresentam mais os sinais da doença e são considerados clinicamente curados permanecem com a bactéria por algum tempo e seguem eliminando o agente no ambiente, sendo importantes personagens na disseminação da doença”.
Os equinos atletas são mais impactados pela doença, uma vez que existe uma necessidade de repouso para a sua recuperação completa, o que pode prejudicar em algum grau seu condicionamento físico e o período de preparação para provas e campeonatos – algo que pode ser bem frustrante para o animal e para toda a equipe envolvida em seu treinamento.
“O Garrotilho é uma doença com uma alta morbidade, ou seja, acomete muitos animais, mas tem uma baixa mortalidade, o que é algo favorável. Porém, estudos mostram que em alguns casos a doença pode deixar sequelas como empiema das bolsas guturais, que interfere na deglutição e na respiração dos animais, sinusites bacterianas e paralisia o nervo laríngeo recorrente. Ela também favorece o aparecimento de outras doenças oportunistas devido a queda da imunidade do animal. Ou seja, é uma sequência de impactos negativos para o equino e prejuízo financeiro para seu dono”, alerta.
Tendo em mente sua alta morbidade e a dificuldade do controle de surtos, assim como os seus impactos nos animais, a maneira mais eficiente de prevenção contra Garrotilho é a vacinação de todo o plantel. A vacina produzida com cepas inativadas de Streptococcus equi subsp. equi, promove ampla proteção de todos os animais, sendo a primovacinação recomendada a todos os equinos sadios não vacinados em um protocolo de 3 doses com intervalo de 28 dias entre elas. O reforço da vacinação é anual.
“No mundo equestre tão interligado e dinâmico, com animais que têm uma rotina de viagens ou de encontro com outros equinos, a prevenção por meio da vacinação é essencial. Além de fortalecer o sistema imunológico dos cavalos, os custos a longo prazo com mão de obra e tratamento reduzem significativamente. A vacina deve fazer parte, sempre que possível, do manejo sanitário das propriedades”, Pollyana finaliza.
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